22/08/2012

Filmes de Dois Mil e Dôuze - Parte 28


DE VOLTA À BATCAVERNA (Return to the Batcave: the Misadventures of Adam and Burt, EUA, 2003, dir. Paul A. Kaufman)
Uma homenagem à série do Batman dos anos 60, traz duas linhas narrativas intercaladas. Uma se passa no presente e é estrelada por Adam West e Burt Ward, hoje dois senhores de idade, interpretando versões caricaturais de si mesmos em uma busca pelo Batmóvel do seriado, que foi roubado de uma exposição. Feito direto para a TV, o longa repete o estilo do seriado em muitos aspectos, dos intervalos comerciais aos ângulos tortos "sempre que aparece um vilão" (como bem aponta um personagem). West e Ward estão longe de serem grandes atores ou comediantes, mas é divertido vê-los tantos anos depois repetindo a parceria; e ainda há as participações de Frank Gorshin (Charada) e Julie Newmar (Mulher-Gato), também na terceira idade. A trama secundária tem atores vivendo os jovens West, Ward, Gorshin, Newmar, Cesar Romero e vários outros, numa espécie de docudrama cômico (!) mostrando momentos dos bastidores do seriado, como Romero se recusando a raspar o bigode para viver o Coringa e os problemas constrangedores de Burt Ward ao vestir o colant do Menino Prodígio. Boa diversão para quem cresceu vendo as reprises da série na TV. Nota 3/5


TOP SECRET! - SUPERCONFIDENCIAL (Top Secret!, EUA/Reino Unido, 1984, dir. David Zucker, Jim Abrahams & Jerry Zucker)
Também produto das mentes do trio ZAZ (de Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu!), segue esse mesmo esquema de trocentas gags por minuto, usando a história como mera desculpa para despejar piada após piada. O bom é que a maior parte delas funciona. Há piadas cinematográficas (referenciando de Os Doze Condenados à Lagoa Azul), idiomáticas (o padre recitando expressões em latim, os nomes dos personagens franceses), metalingüísticas (as vacas saltando os limites da visão do binóculo) e estilísticas (a genial cena ao contrário que se passa na livraria), tudo isso estrelando um Val Kilmer que faz um pós-Elvis igualmente canastrão. Algumas poucas piadas ficaram datadas, mas o resto continua bem melhor que qualquer dessas paródias toscas de hoje em dia. Nota 4/5


BATMAN E MR. FRIO - ABAIXO DE ZERO (SubZero, EUA, 1998, dir. Boyd Kirkland)
Quem diria: um longa estrelado por Batman, Robin, Batgirl e Sr. Frio, e que não ofende a inteligência de ninguém. Ajuda bastante ser uma animação (direta pra vídeo) derivada do premiado desenho dos anos 90. O estilo dos traços segue os moldes do desenho, com uma computação gráfica aqui e ali. Se não tem a carga emocional de A Máscara do Fantasma, privilegiando a ação na maior parte do tempo, ainda é um esforço competente. Nota 3/5



OS INCRÍVEIS (The Incredibles, EUA, 2004, dir. Brad Bird)
Apesar de animados por computador e caricaturais, os personagens de Os Incríveis são mais humanos do que a maioria dos supers por aí. Seus problemas envolvem crises matrimonais e desilusões com os rumos da vida, e cada superpoder tem relação direta com suas personalidades: uma Mulher Elástico que se estica toda para cuidar da família, um menino superveloz e hiperativo, uma garota invisível tímida e envolta em sua própria bolha, literal ou não. Sem falar nos coadjuvantes baixinhos mas imponentes (como o chefe do Sr. Incrível e a impagável estilista Edna Mode, dublada pelo próprio Brad Bird). Talvez o melhor filme de superequipe de todos os tempos (ouviram, Vingadores?) e, de quebra, um dos melhores da Pixar, o que não é pouco. Nota 5/5



12 HOMENS E UMA SENTENÇA (12 Angry Men, EUA, 1957, dir. Sidney Lumet)
Um dos meus filmes preferidos de todos os tempos, conheci a partir de sua refilmagem de 1997, feita para a TV (passava muito no Telecine). Há muito tempo não vejo a refilmagem, mas esta versão original é impecável. E olha que foi a estréia de Sidney Lumet, que depois dirigiu outros filmaços como Um Dia de Cão, Rede de Intrigas e Serpico e escrevou o ótimo livro Fazendo Filmes. 12 Homens consegue diversas proezas: estabelecer personalidades marcantes para 12 rostos sem nome; fazer um longa que se passa em apenas um cenário claustrofóbico jamais se tornar monótono (Lumet sabiamente utiliza enquadramentos, lentes e cortes diferentes conforme o filme avança); criar tensão com uma história que caminha, inexorável, para um final relativamente previsível e amarrar todos os detalhes e motivações de forma magistral. Nota 5/5

Filmes de Dois Mil e Dôuze - Parte 27


 

DOZE HOMENS E OUTRO SEGREDO (Ocean's Twelve, EUA, 2004, dir. Steven Soderbergh)
Quando assisti no cinema, saí muito empolgado e escrevi que era "muito melhor que o primeiro" e "quase tão bom quanto Os Incríveis" (está nos arquivos do blog, é só procurar). Grande exagero, claro. Doze Homens é uma continuação divertida, evitando seguir a mesma história ao criar um improvável "campeonato de ladrões" e proporcionando momentos surreais, como Julia Robert interpretando Tess se fingindo de... Julia Roberts. (Mundo curioso esse do filme, em que todo mundo sabe quem é Julia Roberts e Bruce Willis, mas nunca viu George Clooney ou Brad Pitt.) Mas a opção por narrar os roubos em flashback acaba tirando a tensão, e as motivações dos personagens (como a mudança de atitude de Catherine Zeta-Jones em relação à ladroagem) parecem absurdas demais para que compremos a galhofa toda. Nota 3/5


TREZE HOMENS E UM NOVO SEGREDO (Ocean's Thirteen, EUA, 2007, dir. Steven Soderbergh)
Como o anterior, é um bom entretenimento, daqueles que não ofendem mas tampouco oferecem algo de novo. Não chega a ser um filme de "bromance", mas com Julia Roberts e Zeta-Jones ausentes e o novo roubo motivado por solidariedade ao personagem de Elliott Gould, é definitivamente a camaradagem que move a trama – até Andy Garcia passa para o lado dos "ladrões bonzinhos". É nítida a intenção de tornar nobres as atitudes criminosas dos protagonistas ("ladrão que rouba ladrão..."), com direito a doação para a caridade e uma recompensa tardia para o avaliador de hotéis (David Paymer) depois que ele tanto se ferrou. Questões éticas à parte, Soderbergh e seu elenco estelar se divertem com os planos mirabolantes, disfarces à la Hermes & Renato e uma montagem com transições dignas do Windows Movie Maker, e com isso nos divertem também. Nota 3/5

 

BATMAN (EUA/Reino Unido, 1989, dir. Tim Burton) 
Tem muitos méritos e qualidades: o clima meio anos 40, com roupas, carros e câmeras old-style; a ótima trilha de Danny Elfman, que conseguiu criar o melhor tema musical do Batman até hoje; o Batmóvel mais estiloso de toda a série; a presença imponente de Jack Nicholson, que ofusca a "molecada" que contracena com ele sempre que aparece. Por outro lado, há diversos problemas que tornam o resultado final apenas mediano. Pra começar, boa parte do elenco: de Michael Keaton como um Bruce Wayne baixinho, de óculos e começando a encarecar, até o comissário Gordon gordo e bobão. A partir do momento em que o Coringa cai no ácido, começa uma série de improbabilidades fantasiosas, como o aperto de mão do vilão que carboniza o outro cara e os repórteres apresentando o jornal com os cabelos desgrenhados e o rosto ferido. Muitas cenas existem unicamente porque são estilosas: Bruce Wayne dormindo de cabeça pra baixo, o Batplano voando acima da nuvem só pra criar a bat-logo na Lua. Outras são apenas idéias estúpidas que acabaram chegando ao corte final: Coringa matando os pais de Bruce, Alfred levando Vicky Vale para a Batcaverna… Mas o problema principal é mesmo o Batman: falta conflito no personagem, e na tentativa de manter uma aura de mistério, ele acaba virando só um milionário de máscara. Nota 3/5 


BATMAN - O RETORNO (Batman Returns, EUA/Reino Unido, 1992, dir. Tim Burton)
Meu preferido entre os Batmans dos anos 90, é um filme com muito mais acertos que o primeiro. Embora o tom continue fantasioso, com bebês criados por pinguins e mulheres ressuscitadas por lambidas de gatinhos, Tim Burton investe num clima de freak show que tira toda a leveza do bat-universo, apostando inclusive em insinuações sexuais a torto e a direito. Danny DeVito e Michelle Pfeiffer matam a pau e até Michael Keaton está mais sério como Batman e principalmente como Bruce Wayne, evitando o olhar abobalhado que repetia no primeiro filme sempre que estava "à paisana". O roteiro tem seus problemas, mas a bizarrice e algumas cenas que me ficaram na memória quando vi no cinema, lááá em 1992 (a Mulher-Gato costureira, o Pingüim mordendo narizes), compensam. Nota 4/5
(Resenha completa, escrita em 2010, no Cinema de Buteco)


BATMAN - A MÁSCARA DO FANTASMA (Batman: Mask of the Phantasm, EUA, 1993, dir. Eric Radosmki & Bruce Timm)
A série animada do Batman dos anos 90 conseguiu ser divertida sem descambar para a galhofa, séria sem ser chata, fiel aos quadrinhos e ao espírito do personagem e ainda gerou um monte de bonequinhos bacanas. Além disso, originou o único longa de animação do Morcegão a chegar aos cinemas. O estilo segue o desenho da TV: os traços são cartunescos mas cheio de sombras; o material é tratado com seriedade e quase não há alívios cômicos. A trilha "remixa" o tema de Danny Elfman com belos corais e o roteiro adiciona um elemento amoroso no início da carreira do Batman que é ausente na maioria das adaptações do herói. A cena de Bruce Wayne no túmulo dos pais, pedindo perdão por querer desistir do vigilantismo ("I didn't count on being happy...") é mais emocionante que qualquer momento dos filmes live-action. Nota 4/5

Quem

Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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