14/06/2010

Joga fora no lixo

Quando estive em Salvador, chamou minha atenção a diversidade de modelos de telefones públicos: se numa esquina o orelhão tinha formato de côco, na outra era um berimbau gigante. Na China, as cabines telefônicas não são especialmente famosas por serem criativas, mas a inventividade se faz presente em outro elemento fundamental da paisagem urbana: as latas de lixo.

Abaixo, uma pequena coleção de lixeiras chinesas que coletei nas últimas semanas:


Na Grande Muralha, você pode descartar seu lixo em simpáticas casinhas de madeira.


Entrada no Lama Temple, em Beijing: se desistir de queimar incenso pra Buda, pode jogá-lo fora em recipientes belamente adornados.


Lixeira na Grande Mesquita, em Xian: proteja o meio ambiente em chinês, árabe e inglês. (Que diacho é aquilo saindo do dedo desenhado?)


Tem um caracol em cima desse cisne ou eu tô vendo coisa?


Calma, galerinha verde: tá na cara que este tronco em um parque de Xian é de plástico.


Hmm, agora esse aí na subida da Grande Muralha eu não tenho certeza... o que vocês acham?


Deserto da Mongólia Interior: camelo que se preza tem buraco pra jogar lixo dentro. 


Publicado originalmente no Boca de Gafanhoto

05/06/2010

Uma Copa, dois mundos (ou três, ou quatro...)

 

A geografia nesses tempos de Copa não importa. No Brasil, na China, na África do Sul, em qualquer canto desse mundo a Copa fica perto. Fica a uma dedada no controle remoto, uma acessada no mundo virtual, uma sentada no sofá para acompanhar os jogos ao som dos mais simpáticos e adorados narradores. A não ser por segundos do chamado delay, que atrasa as transmissões dos jogos para quem acompanha pela telinha, ou pela internet, os estádios, novos, bonitos, cheios e em formatos de zebras e girafas, aumentam a sua capacidade de dezenas de milhares para milhões, quiçá bilhões de espectadores. Nós dois estaremos lá, nesse "estádio" globalizado, seja no Brasil, ou na China. Lucas Paio, publicitário, mora em Pequim, a capital do país mais populoso do mundo. Com um delay de fuso-horário de 11 horas está Thales Machado, historiador, vivendo na pacata Belo Horizonte. Ambos acompanharão a mesma Copa, por lugares e fuso-horários diferentes, e anotarão suas impressões neste mesmo blog. 


Assim foi o parágrafo de abertura escrito pelo Thales no Uma Copa, Dois Mundos , o blog novo em folha do qual participarei durante o Mundial de 2010. Se em 1994 eu intercalava os jogos com partidas de futebol de botão, em 1998 assistia depois das minhas aulas de sétima série, em 2002 acordava no meio da madrugada pra ver o Brasil jogar e em 2006 espiava pela janela de onde trabalhava pra ver o que rolava, na Copa da África estarei aqui na China, acompanhando de uma forma nova o único evento esportivo de que realmente gosto pra caramba: cercado de pessoas de diferentes nacionalidades, em um horário convenientemente pós-trabalho e escola, e sem narração do Galvão. 

Eu já planejava comentar sobre a Copa vista da China aqui mesmo no Boca de Gafanhoto, mas aí veio o convite do Thales para criarmos um blog do zero e lá estamos nós, unindo esforços para contar como esse mundão-de-meu-Deus, tão grande e diverso, assiste a um evento mundial. Meu primeiro post, "Pra frente, Bāxī!" , já está lá contando como a chinesada chama os jogadores brasileiros na língua local. 

 
卡卡 levanta o braço e faz cara de mau num copo da Pepsi chinesa.

Mas o que seriam apenas "dois mundos", como diz o título (e nosso endereço pontocom!), cresceu para três quando o Thales ganhou, numa promoção, uma viagem pra África do Sul incluindo acompanhante, passagem e ingresso pra jogo do Brasil. Achou que ninguém ganhava esse tipo de coisa? Pois lá vai o Thales pra Copa, enriquecendo o blog com posts diretamente do evento e, de quebra, realizando seu sonho de infância. Se quer saber que diabo de promoção foi essa e como é que ele conseguiu a parada, tá tudo no blog 

Então já sabe: durante as próximas semanas, não vá esquecer o Boca de Gafanhoto (as atualizações continuam constantes aqui, e as próximas atrações incluirão um novo podcast e uma série sobre Xian, a cidade dos guerreiros de terracota), mas visite sempre o Uma Copa, Dois Mundos . O endereço é moleza de lembrar: www.umacopadoismundos.com 

Ah, e vale a convocação: se você está em qualquer parte do mundo - Estados Unidos, Irlanda, Ilha de Páscoa, Acre - e quer contribuir com o blog comentando como é acompanhar a Copa por aí, clique aqui e fique à vontade 

01/06/2010

Mongólia Interior: o fim da viagem



Dia 4 – Terça-feira, 4 de maio de 2010 

04:14 
Estamos na estrada há 15 horas. O efeito do Dramin está quase passando e, ainda meio dormindo, percebo que o ônibus se move um pouco. A velocidade é mínima, mas já é um avanço.

06:30 
Já é dia há mais de uma hora e enfim encontramos um carro de polícia para tentar entender que porra está acontecendo. Já esclareço que até agora não descobri. Sei que a cada poucos quilômetros há um pedágio e minha suspeita é que eles fechavam a passagem nesses locais para que o trânsito fluísse mais à frente. O guia desceu pra conversar com um policial e disse depois que havia obras na pista. Mas o americano e o panamenho mala da minha sala, que estavam em outra excursão, contaram que o guia deles ligou pra polícia e jogou um migué, dizendo que o ônibus estava cheio de estrangeiros que precisavam pegar um vôo em Beijing de volta pra casa. Minutos depois, o caminho estava livre para eles. No nosso caso, após a conversa do guia com o guarda, aconteceu a mesma coisa: sem mais nem menos, o trânsito fluiu.

07:20 
Durante nossa primeira parada desde que o trânsito começou a pifar, pergunto ao guia quanto falta para chegarmos e ele diz que estamos a 180 quilômetros de Beijing. Isso mesmo, cento e oitenta. Em doze horas, andamos vinte quilômetros. Uma média incrível de 1,6 km/h!

10:52 
Quatro horas após o trânsito voltar a fluir, quinze horas após a previsão inicial de chegada, vinte e uma horas após sairmos do deserto de Kubuqi, estamos de volta à boa e velha Beijing. Fica a lição: na próxima viagem, eu vou de trem. Pegar ônibus na China em fim de feriado é coisa de mongol.

E pra fechar a programação, fiquem agora com mais um apanhadão de fotos da Mongólia Interior: 


"Aiôôôôô Rex!" A chinesinha se empolgou com a galera cavalgando perto dela e resolveu abusar da boa vontade do Totó. 


Não basta ser pai: tem que botar o filho na garupa da moto sem capacete.


Mongol que é mongol não liga pra conforto.


E ele tá em todas mesmo: olha o maço vermelho e branco aí na foto. "Chinggis Khan", claro, nada mais é que uma variação local do nome do titio Gênghis.


Taí um lustre curioso.


E uma passarela também.


Alguns yurts do nosso acampamento tinham essa decoração inusitadamente MTVesca. Quando fui ver, descobri que eram yurts que karaokê!


Istáile!


Seqüência de placas em Chinglish. A primeira não sabe a diferença de um C para um E.


A segunda não faz idéia da direção que um D decente deve apontar.


E a terceira faz um pedido comovente: "deixe o lixo voltar para a casa dele".


Cuidado, doutor! O Pac-Man vai comer seu braço!


Galera chegando no deserto, aquele mar de areia pela frente e a chinesada só queria saber de encarar os estrangeiros.


Lojinha de souvenirs na entrada do deserto: tem camelo pra Mallu Magalhães nenhuma botar defeito (turum tssss...).


Fila para o teleférico no deserto: isso é lá roupa de andar na areia, fia?! 


Eu e o Gênghis. 

Quem

Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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