30/12/2007

Dois mil e sete.

Virei tecladista de uma banda cover de Bon Jovi. Encontrei o Toquinho no aeroporto. Ratatouille conseguiu superar todos os outros filmes da Pixar. Barão deixou saudades. Vi os Mutantes duas vezes. Passei mal com pastel de siri no Rio de Janeiro. Tropa de Elite gerou os maiores bordões do ano e o Capitão Nascimento matou a Taís. Formei, mas até hoje não busquei meu diploma. Ganhei um carimbo ex libris e uma caneta que dá choque. Peguei um engarrafamento de duas horas e meia na BR. Fui publicado na piauí. Comprei um kazoo. Colecionei os CDs de jazz da Folha. Borat é o politicamente incorreto que a gente precisava. Tomei café da manhã na boate. Gravamos o curta da lagartixa (finalmente!), mas ainda não acabamos de editar. O pior refrigerante do mundo é a Fanta Chinotto. Fui na casa onde Anne Frank morou e no quarto em que Getúlio morreu. Consegui tirar Martha My Dear no piano. Furei o pneu duas vezes. Pub crawl é divertido até na segunda-feira. Lotei a primeira fileira do Tangos & Tragédias com amigos e familiares. Acabou a luz no Canapé e o Pacote fez o quiz com megafone. Cochilei no cinema assistindo Homem‑Aranha 3. Dormi na cama do topo de uma triliche. Briguei durante meses com a Net e a Americanas.com. Até hoje não acharam a Madeleine. Pará de Minas não tem potencial turístico. Acordei tarde, quase perdi o trem e, na correria, as luvas da minha tia ficaram pra trás. Los Hermanos entraram em recesso indeterminado. Quebraram meu retrovisor com uma porretada. Fiz esquibunda na neve. Zoom, Schwartz & Pafigliano é um drinking game interessante. Fui no Encontro de Redação Publicitária em Paraty e voltarei no ano que vem. A terceira temporada de Lost começou mal mas foi engrenando. Comprei pedaços do muro de Berlim. Assisti um DJ tocar e achei doido. O Led Zeppelin voltou mas eu não tava lá. Consegui achar a livraria de Antes do Pôr-do-Sol. Tive minha pior média de idas ao cinema desde 2000, mas compensei em dezembro vendo um monte em dvd. Fui e voltei de Piedade a cavalo. Fui sozinho no show do Renato Teixeira e Almir Sater. Atendentes de call center são a escória da humanidade. Ficarão na memória: o porão do Cat’s, o bar do Peace & Love, as noites no Bulldog. Melhor esquecer: o staff do Alessandro’s e o chuveiro do Camping Jolly. Vai Tomar No Cu foi hit instantâneo. Festa Junina Em Banheiro só não virou hit porque não ainda não terminamos. O Piano Alemão foi campeão três vezes e a festa de um ano foi um barato. Doismileoito vem aí e vai ser também.

Volta ao Mundo de Mentira

Domingo, 30/12 - Cáceres, Pantanal Mato-Grossense, Brasil



Ainda não vi o Almir Sater nem a Juma Marruá, mas um tuiuiu veio me dar bom-dia hoje de manhã. Meu pescoço está torto até agora, de tanto andar de ônibus. O sol queima mais do que eu esperava (maldita hora que fui ignorar o videozinho do filtro solar). Mas enfim: minha volta ao mundo de mentira me trouxe ao Pantanal e no momento curto a vista do rio Paraguai e as chalanas navegando em seu remanso. Cáceres é a cara do Pantanal: vitórias-régias boiando tranqüilas, pássaros pousando n'água e voando molhados, cobras à espreita, capivaras no barranco. Aqui também se realiza o maior campeonato de pesca em águas fluviais do mundo, mas os surubins podem respirar aliviados, estamos na piracema.

Cheguei aqui na noite de ontem e fui direto pro boteco. Um barzim de leve, só pra começar bem a viagem. A cidade aqui é pacata e, com o agravante do fim de ano, tava tudo vazião. Pra acompanhar a cerveja, o garçom me sugeriu espetinho de jacaré frito. Uma experiência curiosa: gosto de peixe e textura de peito de frango. Me lembrou aquele chips bizarro com textura de batata frita e gosto inconfundível de camarão com limão. A trilha sonora, no entanto, desanimava. Não bastasse os dois violões tocarem a mesma coisa e as duas vozes de cabrito cantarem a primeira voz, eles ainda faziam uso de um execrável fundo eletrônico, uma das pragas mais nefastas do mundo moderno. Pedi pro garçom tirar o couvert da conta e expliquei: não pago pra ouvir karaokê. Ele ficou meio chateado, sei lá se era parente dos cantores, daí acabei pedindo mais jacaré pra compensar.

Nisso chegou um sujeito corcunda, de chapéu surrado e jeito estranho, carregando livros. Forçou um sorriso, mostrou-me um exemplar e disse: gosta de uma boa leitura? O livro trazia sua foto na contracapa: o mesmo sorriso tristonho. No mínimo era um daqueles poetas que rimam "triste" com "quis-te". Perguntei do que se tratava, se era prosa ficcional, poesia parnasiana ou auto-ajuda pantaneira. Ele me mostrou o título: "É do lado direito que bate meu coração". E explicou: é um caso raro, meu coração fica do outro lado, já fui matéria até nos Estados Unidos. Propus a ele outros tipos de abordagens:

- Responda rápido: o que é dextrocardia?
- Lembra do satânico Dr. No?
- Gosta de uma boa leitura sobre casos médicos raros que já foram matéria até nos Estados Unidos?

Ou então traria um estetoscópio e convidaria o potencial leitor a uma experiência interativa, do tipo: "você tem 15 segundos pra achar o coração", enquanto cantava "A gente se ilude dizendo já não há mais coração...". Mas ele preferiu o jeito dele.

Ainda não decidi meu ano-novo mas aparentemente a única opção nesta cidade é o Iate Clube, que não me apeteceu nem um pouco. Ou cruzo a fronteira e viro o ano na Bolívia, ou pego um teco-teco e desço no Acre a tempo de ver as festividades. Tempo tenho de sobra para decidir: afinal, quando for meia-noite em Brasília ainda serão 21h em Rio Branco. Duvida?

28/12/2007

Volta ao Mundo de Mentira

Sexta, 28/12 - Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.



Tenho alguns amigos perdidos por aí nesse mundão véio. Muitos narram experiências nos blogs da vida. O Thales tá pros lados do Chile e anota suas impressões no Picante, Pero Saboroso. O Bernardo partiu rumo a qualquer lugar e escreve seus casos no sugestivo Vai Dar Merda. Nessa de acompanhar a distância, fiquei com vontade também e resolvi encarar uma volta ao mundo.

Teve um belo-horizontino que começou um negócio assim este ano. Saiu da Praça da Liberdade em cima duma moto e só volta em 2012. Sua desculpa oficial é registrar a visão de mundo dos povos diversos e pintar um painel deste início de século. Como a minha é de mentira, não preciso de desculpa. As dúvidas que rodearam minha cabeça nos últimos dias são de outra natureza, sendo a principal delas: por onde começar? O caminho mais óbvio é margear o litoral. Descendo, pra chegar à Terra do Fogo. Ou subindo, pra atingir as Guianas. Mas uma terceira opção foi tomando forma e me parece agora a mais acertada: cruzar o país com destino ao Equador e realizar meu tão adiado sonho de visitar o Acre. Afinal, de Acrelândia a Xapuri, já sei de cor o nome de todos os seus municípios. É hora de vê-los de perto e descobrir se a Coca-Cola já chegou por lá.

Pus na mochila somente o indispensável. Camisa da Seleção, bom pra começar um papo (ou uma discussão). Repelente pra inseto, Neosaldina pras ressacas e Dramin pra viajar de barco sem deixar minhas entranhas no convés. Caderno, que serve de diário de bordo e agenda de endereços. Canivete suíço do Paraguai. A caneta que dá choque que ganhei no Natal, pra pregar peças nos desavisados. Umas pedras coloridas sem valor, se algum gringo quiser trocar por um iPod. E só. O resto vou comprando por aí, e se lotar demais a bagagem, despacho pra casa os souvenirs mais pesados. O plano é aproveitar esta sexta-feira de trânsito menos caótico, ir pra Rodoviária e de lá pegar o ônibus que for mais longe. Se tudo der certo, amanhã jantarei no Pantanal. Se der errado...

06/12/2007

Flashforward

Muito bom, muito bem, o clima de fim de ano já contagiou todo mundo e, portanto, é chegada a hora das listas. Decidi começar pelas perspectivas 2008 e deixar as retrospectivas pro final (até porque 2007 tá aí ainda).

A primeira é a lista de filmes mais esperados para o ano que vem. Como nos anos anteriores, é formada basicamente de blockbusters, seqüências e filmes de diretores com bons trabalhos recentes. O que é normal - como esperar avidamente um filme do qual nunca ouvi falar? A probabilidade de decepção é sempre alta e muitos deles, provavelmente, não vão passar de três estrelas. Mas estes são os dez filmes que, hoje, mais estou afim de ver em 2008:



10- Agente 86 (junho)

O Agente 86 nunca fez parte da minha vida de telespectador e eu conheço muito mais de ouvir falar. Mas adaptação de uma sátira às histórias de espionagem com Steve Carrell no papel principal? Tô lá pra ver.



9- Walk Hard: The Dewey Cox Story (abril)

Depois de três Shreks, quatro Todo Mundo em Pânico e mais um batalhão de derivados, as paródias de filmes já deram o que tinham que dar. Mas esse Walk Hard me atraiu pelo tema: é uma sátira às cinebiografias musicais, que vivem rendendo filmes bacanas (sejam reais como Backbeat e Johnny e June ou quase-fictícios como Quase Famosos). Além do mais, qualquer filme que traga o Jack Black no papel de Paul McCartney já vale assistir.



8- James Bond 22 (novembro)

Cassino Royale reacendeu a vontade de assistir 007 no cinema. Adaptação livre do único livro do Ian Fleming que não tinha sido filmado decentemente (a versão de 1967 é risível, no mau sentido), tinha jogatina, perseguições a pé, Eva Green como Bond-girl e confusão em Veneza. Se continuar assim, tá ótimo.



7- Sin City 2 (agosto)

Já tá virando piada. Pela terceira vez consecutiva, coloco a seqüência do excelente Sin City (de 2005) na lista de filmes mais esperados do ano. Aí os meses passam e o troço não estréia. A expectativa vem caindo gradualmente (segundo lugar na lista de 2005, quinto em 2006), mas ainda tenho fé na próxima película em conjunto de Frank Miller e Robert Rodriguez, a dupla que fez a adaptação mais fiel de uma história em quadrinhos em todos os tempos.



6- Star Trek (dezembro)

O espaço. A fronteira final. Seguindo a mania dos Begins, as viagens da nave Enterprise voltam à estaca zero, contando o início das aventuras do capitão Kirk e sua tripulação. E com a participação do Spock original! Por influência paterna, sempre gostei mais de Star Trek do que de Star Wars, e é com expectativa que irei assistir o trabalho de J. J. Abrams (criador de Lost) audaciosamente tentando chegar aonde nenhum diretor jamais esteve.



5- Be Kind, Rewind (janeiro)

Jack Black apaga as fitas de uma videolocadora e precisa encenar todos os filmes novamente. A proposta absurda, que poderia virar cocô nas mãos de um irmão Wayan da vida, tem grandes chances de prestar quando o diretor é Michel Gondry, o cara que fez Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças e consegue resolver um cubo mágico com o pé. O site oficial do filme já dá uma idéia.



4- The Dark Knight (julho)

Como eu já havia profetizado, a originalidade de um filme do Batman sem "Batman" no nome não será mantida em português, e por aqui vai ser Batman - O Cavaleiro das Trevas. Mas tudo bem. Batman e Coringa vão travar o maior combate desde o épico Feira da Fruta, e isso já basta.



3- Wall-E (junho)

A Pixar tem a missão de superar Ratatouille, o melhor filme de sua sempre ótima linha de produção. Depois dos carros falantes e dos ratos falantes, o protagonista agora é um robô... sem falas. "Muito do filme é silêncio - como os protagonistas são robôs, eles fazem barulhos e sons, mas não falam", declarou alguém da Pixar. Os teasers e trailers já são muito bons e usam Aquarela do Brasil (!!) como trilha. E reparem na dramaticidade do olhar do robozinho.



2- Ensaio Sobre a Cegueira (outubro)

O melhor livro do Saramago dirigido pelo Fernando Meirelles. Só a sinopse técnica já aguça a curiosidade, mas ao ler o Blog de Blindness, excelente diário de produção cheio de detalhes interessantes escrito pelo próprio Meirelles, a expectativa pra esse filme só perde para nossa primeira posição:



1- Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (maio)

Sim, o título é o cúmulo do trash. Sim, Harrison Ford já é um senhor. Sim, o George Lucas andou barrando roteiros e a gente sabe que de roteiros ele não saca muito. Mas puxa vida, é o Indiana Jones, com chapéu, chicote e filho, num filme que tá em pré-produção há, no mínimo, quinze anos. Tio Spielberg, é melhor fazer direito. Tan taran taaan, tan taraan...

28/11/2007

Amazing race



O melhor jogo geográfico de todos os tempos dos últimos dois dias é o Traveler IQ Challenge, cujo objetivo é encontrar no mapa lugares e cidades desse Mundão de Meu Deus. O jogo original você encontra aqui e pode escolher entre um monte de categorias, dos becos da Europa aos guetos ilhados da Oceania, passando pelos ermos cantos dos bálcãs e as renegadas repúblicas no meio do Pacífico.

Você também pode encarar a versão exclusiva do Biselho, que privilegia países pouco famosos que, como o Acre, merecem um lugar ao sol. Como minha tentativa de postá-la no blog não deu muito certo, faça melhor: clique aqui.

16/11/2007

No solo, no play



Tem 11 anos que eu venho querendo descobrir o nome dessas músicas. Essa é a fabulosa big band do Magic Kingdom, em Orlando, filmada em julho de 1996 sob um calor de quase quarenta graus. Entre estripulias e dancinhas, "Aquarela do Brasil" é facilmente reconhecível. Anos depois, em dezembro de 2004, descobri por acaso que "Fun, Fun, Fun" (dos Beach Boys) também está entre elas. Mas das outras nunca ouvi o nome. Alguma alma aí sabe?

Update (21 de novembro): Ouvindo um dos discos da coleção de jazz da Folha, acabei descobrindo por acaso o nome de mais uma música (a que eles tocam logo depois da Aquarela do Brasil). É "Sing Sing Sing", sucesso de 1936 escrito por Louis Prima e que já apareceu em filmes tão diversos quanto Gangues de Nova York e Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban. Faltam poucas!

15/11/2007

Ajudando os visitantes que o Google trouxe pra cá:

"breve historico sobre a lagoa da pampulha"
Fácil: barragem, aguapés, fedor, corrida.

"frases de ninjas famosos"
Minhas preferidas são: "Cowabunga!" e "Não te perdôo!"

"o que é junk food em língua materna"
Papá?

"o que é feijão furadinho"
Um ótimo acompanhamento para queijo suíço.

"if there´s anything that you want" "if there´s anything i can do"
Just call on me, I will send it alone. With love, from me, to you.

"Mini dicionário mineiro"
Uai é uai e o resto é trem, sô!

"o nome Christie Fernanda é de que origem?"
Mau-gosto.

"sumiram a metade dos meus favoritos firefox"
Perdeu, prayboy. Da próxima vez, use o delicious.

"Como foi o show de gravação do (des) conserto ao vivo da Pitty"
Cheio de emos.

"onde foi gravado esquecerão de mim"
No futuro?

"como fazer uma fantasia de cangaceiro"
Chapéu de cangaceiro você encontra em João Pessoa. Depois ponha um casaco e uma calça, sandália de couro, dois cintos amarrados transversalmente no peito em forma de X, lenço no pescoço e voilà: um autêntico Lampião-wannabe.

"felipe dylon foto pelado"
How sick are you??

"monitor com a cor amarelada fica normal quando dou pancadas"
Aceite: um dia ele vai pifar de vez.

"porque sandrinha explodiu a torre de babel"
Para incriminar seu pai, interpretado por Tony Ramos, a quem nunca perdoou por ter matado sua mãe no primeiro capítulo da novela.

"pratos exoticos com ornitorrincos"
Ornitorrinco ao curry, pé de plátipus com farofa e ornithorynque au poivre estão entre os mais apreciados pelos críticos.

14/11/2007

Black dog

Barão nasceu em junho de 1993, parte de uma ninhada de nove filhotes. O nome evocava uma falsa nobreza, da qual também viera seu irmão Duque, mas eram todos autênticos e legítimos vira-latas. Lá em casa, ganhou sobrenome e virou Barão Cão de Melo. Enquanto pulava e corria e mastigava tampinhas de Comfort, nem imaginava que era protagonista de dezenas de livros e histórias em quadrinhos que eu escrevia. Em 1996, arranjamos-lhe uma esposa. Diana (olha a nobreza aí de novo) era cadela de rua em Ibiaí, na beira do São Francisco, e nos acompanhou tão atenciosamente durante a viagem que decidimos tacá-la no carro e levá-la para Belo Horizonte. Alguns meses depois, foi mãe de sete - vira-latas genuínos como seus genitores - batizados com nomes exóticos como Tandore (corruptela de tandoori, um tempero indiano) e Edileusa (personagem do clássico Sai de Baixo). Diana foi pra casa da minha avó, Tandore virou cachorro de roça, mas o Barão seguiu firme e forte com a gente, acompanhando as diversas mudanças de casa, virando hóspede aqui e ali, feliz na sua vida de cão. Em seus 14 anos e quase 5 meses foi sempre um companheiro, um cachorro sem frescuras, educado, safado, que fugia mas voltava, que enterrava pão-de-queijo na areia rala achando que estava escondendo, louco com pães de comer até doze de uma vez, esperto e sereno, canalha como a maioria dos cães, admirável como poucos.



Um grande cachorro.

08/11/2007

Great Scott

É sempre legal comparar previsões futurísticas com o que de fato aconteceu. Por exemplo: a tecnologia ainda não nos proporcionou um HAL 9000 como o de 2001, mas de acordo com De Volta Para o Futuro II, daqui a oito anos teremos skates voadores. Tenho uma Super Interessante aqui em casa que traz previsões até 2100. É uma revista legal de guardar, se eu um dia achá-la no meio da bagunça.

O recente "Future Files - A History of the Next 50 Years", livro que (acho) ainda não tem versão em português, traça e esmiúça previsões para o mundo e a humanidade nas próximas cinco décadas. A linha do tempo abaixo, que anda circulando pela internet, é um resumão dessa bola de cristal e mostra a data de extinção (ou o momento em que a existência se torna insignificante) de diversas coisas que hoje fazem parte da nossa vida, como Windows, Google, recepcionistas, rádio FM e dor.



Segundo o gráfico, estamos pertos da queda de George Bush II e do desuso das cartas manuscritas. Na década que vem, testemunharemos o fim do e-mail, da assinatura de jornais, dos aparelhos de fax, do mouse, da aposentadoria e do conceito de ficar perdido.

As previsões para os anos seguintes são ainda mais curiosas.

Em 2023, não teremos WEB 2.0 nem fins-de-semana sem trabalho.

Em 2030, tchau para a infância, as chaves e a Grande Barreira de Corais.

Em 2035 desaparecem a Microsoft, o Mar Aral, a classe média e a cultura aborígene.

Em 2040, paz e tranqüilidade já são parte do passado, assim como as emissões de carbono, a surdez, as carteiras e, finalmente, as gravatas (já era hora!).

Em 2050 morrem os últimos sobreviventes da Segunda Guerra Mundial, pouco após o Google e os jornais não-virtuais.

A linha do tempo cobre até a década de 2050, onde veremos os inusitados fins da feiúra, da morte e das listas de previsões. O próprio gráfico nos avisa para não levar as datas muito a sério, mas dá vontade de pregar num quadro e ir acompanhando ano a ano, marcando se os anúncios estáticos realmente sumiram em 2019 ou se o parto normal é mesmo fora de moda em 2037.

Quanto à segunda metade do século XXI, não é difícil imaginar alguns acontecimentos marcantes:

2073: Primeiro ser humano nascido em Marte
2080: Primeira estação de teletransporte em Belo Horizonte
2084: Fim da construção da Sagrada Família
2091: Último capítulo de Malhação
2097: Morte de Dercy Gonçalves

06/11/2007

Do Rio até Belô



Dez horas, tá na hora. Cadê os italianos? A gente precisa deixar algum contato com eles. (Os caras eram peças raras pra caramba e ainda estarão em Buenos Aires em dezembro, quando o Thales também estará.) Não tão no terraço, não tão no quarto deles. Vamos deixar um bilhete aqui na recepção. Ah, olha o Umberto aí. A gente passa os e-mails, despedimos com ciao e adiós, mochila nas costas e bora pra estação do metrô. Dez e quinze. O Thales bota a mão no bolso e: velho, acho que perdi a carteira. (E isso que ele já tinha perdido o celular no mesmo dia.) Fico na estação com as mochilas enquanto ele corre no albergue pra tentar achar. Dez e vinte e cinco, ele volta, com a carteira. Tava com os suecos do bar, que tinham encontrado em cima do balcão. Passamos a roleta do metrô, apressamos o passo sobre a esteira rolante, aguardamos o trem. Dez e trinta e cinco e nada. Chega o bichão, subimos a bordo, e na primeira parada (Ixtação Flamengo) as portas abrem e não se fecham. Fecha, porta, fecha, porta. Quinze minutos depois (nas nossas cabeças, na verdade foram no máximo dois) o troço volta a andar. Dez e quarenta e cinco, saímos da estação e rumamos ao ponto de ônibus para esperar o integração que nos levaria à rodoviária. Dez e cinqüenta, nada de ônibus. Se bobear a gente vai ter que pegar táxi, velho. É, vamos esperar mais uns cinco minutos e a gente vê. Cinco minutos depois, nada de ônibus. Cara, mesmo se esse ônibus chegar, não vamos conseguir chegar a tempo na rodoviária. Beleza, vamos de táxi. Os quatro primeiros que aparecem estão cheios. O quinto pára e nos deixa na rodoviária. O tempo que ele gasta nos faz perceber que realmente não conseguiríamos nunca, domingo, à noite, de ônibus, chegar a tempo. Na ida para a plataforma, ajudo uma senhora portuguesa a carregar sua mala rampa abaixo. Ela lá falando: sou portuguesa, mas tem quinze anos que moro no Brasil, tô indo hoje pra Belo Horizonte, e eu só pensava: não é possível, essa mulher tá levando chumbo na mala. Onze e doze, entramos no ônibus que sairia às onze e quinze e a tensão dos últimos sessenta minutos enfim se alivia. O Dramin me faz dormir um pouco mas a cadeira da frente não permite espaço algum às minhas pernas, o que torna as próximas sete horas um tanto desconfortáveis, mas sem maiores percalços.

Já em Beagá, minha avó me liga e descubro, chocado, o que aconteceu com o ônibus da Util que partiu logo após o nosso.

04/11/2007

Minha alma canta



Demorou um café da manhã, um açaí, um prato de comida e um mergulho no mar para que meu corpo pudesse novamente suportar uma cerveja. À noite consegui agüentar até uma caipirinha no Clandestino's Bar, que fica aqui do lado do albergue, assistindo a um DJ tocar. Isso aí, um DJ tocando. Normalmente tenho uma certa preguiça de música eletrônica e dos muitos que se dizem DJs mas só apertam plays e arranham vinis. Mas esse cara era foda. Fazia a mixagem na hora, tocando teclado e dedilhando suas geringonças modernas. Estava ainda acompanhado de umas moças cantando e um VJ que juntava imagens bizarras previamente selecionadas com vídeos ao vivo, do próprio bar, culminando num remix audiovisual malucão dos diálogos de "Tropa de Elite".

O fim-de-semana também tem sido cultural. Visitamos o Museu da República, que funciona no Palácio do Catete e conta com as escadarias onde os presidentes desciam acenando, as mesas onde davam seus banquetes e o quarto onde Getúlio se matou, inclusive com o pijama perfurado e o revólver com que rumou à eternidade. Também demos um pulo ao Maracanã vazio, com direito a visita (ainda que restrita) aos vestiários, à tribuna de honra e ao verde tapete da realeza. Agora, enquanto o Thales assiste em algum barzinho aqui perto o jogo do Botafogo, eu volto à Babel que está esse albergue, com italianos falando espanhol, israelenses falando inglês e criancinhas peraltas que só falam "ça va". Au revoir.

03/11/2007

O Rio de Janeiro Fevereiro Março



Achamos que seria fácil assistir à estréia do Brasil na Copa do Mundo de Beach Soccer, que acontece na areia de Copacabana e tem entrada franca. Afinal, quantos animariam ver o Brasil jogando contra as Ilhas Salomão? Muita gente, na verdade. Milhares estavam sob o sol escaldante, berrando os gritos de torcida, e a fila do lado de fora atingia meio quilômetro. Preferimos evitar a muvuca e fomos tomar um chopp sob a sombra, num restaurante que tinha um cardápio fantástico. "Contra-filé" estava traduzido como "against-filet". A versão em inglês de "Camarão à Paulista" era "shrimp to the inhabitants from São Paulo".

Depois de uma tarde dedicada a petiscos, chopps e andanças pela orla, cruzamos com um bando de jovens zumbis na Avenida Atlântica, ali perto do Copacabana Palace. Um grupo enorme de pessoas com estacas cravadas no peito, cicatrizes horrendas e sangue por todo lado. Ficou o mistério: seria comemoração de Finados? Protesto contra a precariedade da saúde pública? Fui encontrar a resposta só no orkut mesmo. Na volta para o albergue, o calor desértico e os pastéis de siri e de camarão que eu havia comido mais cedo começaram a fazer efeito. Resultado: enquanto a galera do albergue se divertir num barbecue noturno com a gringaida, passei mal a noite inteira.

02/11/2007

Scream for me Rio



Dia de Los Muertos, 8h40.

Depois de seis horas maldormidas da rodoviária belo-horizontina à carioca, desci do ônibus da Util com um certo frio, mas era só o ar-condicionado. O tempo lá fora estava como está agora: abafado, com chuvas poucas, sol querendo aparecer. Segui o guia prático que o Thales postou no blog dele e cheguei ao albergue com relativa facilidade, vendo da janela a sórdida Zona Portuária, a imponência dos prédios do centro, o Cristo lá de cima escondendo a cara entre as nuvens. Fiz o check-in, tomei um banho, liguei pra casa, andei a esmo pela rua, desviei dos pombos na areia de Copacabana e o Thales continua dormindo. O café da manhã só começa daqui a uns quinze minutos, mas acho que vou lá acordar ele.

25/10/2007

Filma eu Galvão

Então o Brasil vai mesmo sediar a Copa de 2014. Preparem-se para uma horda de hooligans enraivecidos depredando a Savassi. O que é o menor dos nossos problemas: primeiro tem que ver se a gente consegue acertar a segurança, os estádios, os hospitais, as estradas, os aeroportos, o atendimento nos botecos.

A lista de exigências da Fifa é imensa. Vai desde o número de hotéis que abrigarão as dinamarquesas loiras com tara especial pelos belo-horizontinos até o preparo para emergências do porte do grande cataclisma da Praça da Liberdade. O Canadá já tá como suplente para o caso de dar merda. Mas boto fé que a coisa anda. Se existe uma motivação para fazer as coisas direito por essas bandas, é o futebol. E, embora seja improvável que implantem o teletransporte a preços populares em seis ou sete anos, só de ter estradas menos vergonhosas já faz alguma diferença.

Interessante é notar que a sede da Mundial, de uns tempos pra cá, tem se alternado entre países com certa tradição em Copas do Mundo (Itália, França, Alemanha, Brasil) com outros que geralmente são meio pífios (Estados Unidos, Coréia do Sul, Japão, África do Sul). Se for esse o critério, torço ferrenhamente por um Trinidad e Tobago 2018.


Só essa logo que não precisava ser tão feia.

24/10/2007

minusculamente

ultimamente tem me agradado a escrita sem maiúsculas. põe-se o ponto e a frase à frente, que de praxe começaria com letra grande e ostentatória, traz no lugar a caixa-baixa característica do miolo de um texto. tudo tem o mesmo peso, ninguém se sobressai. a vantagem principal é atrapalhar a vida do leitor. mas não se trata de escrita escrota por sadismo puro e simples. a intenção é nobre: fazer com que o leitor preste atenção ao texto e suas minúcias, evitando o hábito pós-moderno de escanear visualmente as informações e montar um panorama desmembrado e esquecível do que leu. ele pode ficar seriamente tentado a abandonar o barco antes do final, mas paciência. nos blocos de letrinhas de igual tamanho as datas vêm por extenso, as siglas surgem pequenas, os gritos soam mais brandos. é o socialismo alfabético.

23/10/2007

A Saga de Tião



Eu tava esperando juntar um número bão de capítulos antes de divulgar, e agora, que já tem uns oito ou nove, me parece um bom momento.

Então divulgo. Meu comparsa Daniel de Pinho e eu estamos escrevendo uma história seriada chamada A Saga de Tião. As regras são:

1) Cada capítulo deve terminar com uma frase avulsa, desconexa, que deve ser encaixada de alguma forma no capítulo seguinte (sim, igual ao concurso literário da piauí).

2) Os capítulo deverão conter o nome de alguma celebridade, para alavancar a visita de internautas perdidos que encontrem o blog pelo Google.

Alguns estranharão que uma história chamada "A Saga de Tião" se passe na Ucrânia com um protagonista chamado Vladimir, mas a gente chega lá. Ainda tem muita vodka pra rolar.

22/10/2007

Mirela



A revista piauí tem um concurso literário que consiste numa frase avulsa, sem sentido, que deve ser encaixada num texto com pé, cabeça, tronco e membros. A frase deste mês era: "Os arpejos de mamãe me levaram ao suicídio". Eis o meu texto, que também está aqui:

Mirela

Seu azar foi nascer em família de instrumentistas. Não é que ela odiasse música. Gostava, assim como se gosta de algodão doce no parque, de vez em quando. Mas não tinha jeito nenhum pra tocar. O violão que exalava melodia nos dedos da irmã virava giz em quadro negro se ela punha a mão. A gaita que o pai tocava com classe fazia o cachorro avançar nas visitas quando ela bafejava nas palhetas. “Você não precisa tocar um instrumento só porque a gente toca”, diziam os parentes, sinceros. Mirela encarava como provocação e seguia surrando canções.

Um dia ela se encheu.

Declarou-se vencida e não tardou a tomar birra de qualquer um que tivesse a petulância de produzir som na sua frente. Mais ou menos como aquela tia encalhada que passa a ter raiva dos casais apaixonados. Foi morar sozinha numa casa silenciosa, com caixas de ovo nas paredes servindo de isolamento acústico, de modo que nem a cantoria matinal do amolador de facas a incomodava mais.

Nas festas de família, ainda sofria. Tinha que aturar os sobrinhos batucando Villa-Lobos nas louças do jantar, o tio arrotando o bolero de Ravel, o papagaio imitando o vozeirão do Sílvio Caldas. Às vezes ela explodia numa raiva seca sem fundamento, como no dia em que interrompeu o parabéns de seu próprio aniversário berrando impropérios para os convidados.

O tempo transformou a ojeriza em fobia e Mirela virou uma moça amarga, que desprezava serenatas de amor e punha cera no ouvido durante o Carnaval. Chegou à maturidade solteira, sozinha e, para seu desespero, com o dever moral de abrigar a mãe recém-enviuvada. Foi a sua ruína. Dona Lalá passava o dia dedilhando cravos, soprando fagotes, martelando xilofones, praticando acordes e glissandos. Se a filha resmungava, devolvia: “Me recuso a renunciar da arte por causa de uma cisma estúpida”.

Foi ouvindo a mãe tocar pela décima terceira vez uma mesma fuga de Paganini numa mesma terça-feira chuvosa que Mirela tomou a decisão. O bilhete de despedida foi rabiscado no canto de uma partitura: “Os arpejos de mamãe me levaram ao suicídio. Cheia de colcheias, ponho fim a essa existência diminuta”. Amarrou no ventilador de teto a corda do violoncelo de dona Lalá, laçou o pescoço e saltou do banquinho do piano. No instante seguinte ouviu a vibração primorosa que escapuliu da corda e para sua própria surpresa pensou, maravilhada: um mi bemol perfeito, e eu mesma produzi. Mas aí já nem adiantava.

10/10/2007

No traço de outrém

Aproveitando que tô com um scanner aqui em casa (e funcionando!), inicio uma sessão nostalgia com papéis, desenhos, fotos, quadrinhos e oitras cousas do meu passado.

O primeiro post é dedicado à coletânea de desenhos feitos por amigos e colegas com base em minha pessoa.



Wanted dead or alive: Thiago Tartaglia, que estudou comigo nos idos da sétima série, foi o autor deste desenho em algum momento de 1998.



Cabeludo na sala de aula, fevereiro ou março de 2005. Quem fez foi o Edson Jr, então colega de classe, que é desenhista do Hoje em Dia.



Mostramos com gosto. Esse é do Bernardo Silveira, que desenhou todos os nove integrantes da Língua, saudosa agência experimental que montamos no segundo semestre de 2006.



Pensando em nada no trabalho, no traço do Filipe Souza (a.k.a. Souza da Firma), que lavora comigo atualmente. Ele tá prometendo a versão colorida desde junho de 2007, quando me retratou nesse momento meditativo, mas cansei da enrolação e pus aqui em P&B.

09/10/2007

Mãe, tô na internet!

>> A crítica do Pablo Villaça para Resident Evil 3 traz, em seu primeiro parágrafo, uma frase infame de minha autoria.

>> Uma outra frase que enviei pro Conversas Furtadas foi publicada hoje, embora neste caso o crédito seja todo da minha prima Natália, que proferiu a inocente pérola uns bons onze anos atrás.

06/10/2007

Momento consumidor revoltado

Serviço de Utilidade Pública

Não comprem na Americanas.com. Encomendei um monitor novo pro computador e eles enrolaram tanto com a entrega que preferi cancelar e comprar ao vivo mesmo, em outra loja. Isso foi em maio. Até hoje continuam mandando, mês a mês, a cobrança do monitor cancelado.

Não assinem a Net. Meu pai cancelou TV e internet no começo de julho e o sinal foi interrompido imediatamente. Marcaram de buscar o modem e o decodificador no final de julho mas "o sistema" deles resolveu ficar adiando a data indefinidamente. Acabei enchendo o saco e fui pessoalmente no cudujudas que fica a Net em Beagá pra entregar os equipamentos. Isso foi no meio de agosto. Eis que agora estão cobrando pelo período de um mês e meio que o modem e o decodificador ficaram na casa do meu pai, esperando alguém buscar, com o sinal interrompido.

Adendo final: atendentes de call center são realmente a escória da humanidade.

05/10/2007

Muchos años después



Há tempos eu vinha querendo comprar o Cem Anos de Solidão, mas ficava naquela: já li o livro duas vezes, se eu comprasse agora ia acabar deixando encostado, mas ao mesmo tempo como é que eu o elejo um dos meus prediletos e nem mesmo tenho em casa pra reler uns trechos quando dá na telha?, etc. O dilema se resolveu com a idéia de adquirir o texto no original. Assim, aproveito os 40 anos do Cem Anos para melhorar meus precários conhecimentos da língua de Gabo, que não vão muito além de putamadre e cueca-cuela. Embora eu ainda continue com a convicção de que castelhano é português com sotaque andino, e que qualquer brasileiro minimamente alfabetizado compreende fácil fácil uns 80% de um texto em espanhol. O que acaba gerando uma certa preguiça na hora de aprender de verdade, porque é tudo muito igual, mas ao mesmo tempo diferente, sacumé? Mas com essa nova leitura da extensa e tresloucada saga dos Buendía (junto com um mini-dicionário que comprei por R$ 3,90 hoje na hora do almoço), logo vou poder xingar um argentino com muito mais propriedade.

Outras descobertas idiomáticas recentes:

Ninjawords. Dicionário inglês-inglês que vai direto ao ponto. A proposta é ser rápido como um ninja. Cowabunga!

Foreign Language Lesson Podcast Collection
. Reunião de podcasts com lições de inglês, francês, árabe, espanhol e até português. Afinal, não basta saber tailandês: se não treinar um bom sotaque, vai passar por caipira.

18/09/2007

Mais um conto atípico


O palavroso discurso publicado no blog há dois anos findava com um compromisso: um dia, os lipogramas das outras quatro vogais dariam as caras por aqui. Alguns acharam pura dissimulação, claro. Mas juro: a fala foi franca. Todavia, a publicação dos posts análogos a cada tantos dias acabou dando lugar a obras inacabadas variadas: o conto da Turma da Mônica do futuro ganhou vida, o trio dos porquinhos protagonizou um musical, a lista da lagartixa já já vira um curta.

Os mais tranqüilos continuam com a bunda no banquinho, aguardando vir o dia no qual o autor do lipograma introdutório concluirá sua continuação. Os afoitos largaram pra lá, mas não os culpo, assumo o atraso. O obstáculo-mor, contudo, nunca foi o cansaço, a fadiga, a falta do ânimo. Foi notar o quanto trabalho a mais daria compor um similar suprimindo o quinto símbolo do ABC.

Vogais são bichos ariscos, obstinados. Jamais admitirão sumir do mapa assim, na maciota. O assassinato das vogais, sua ruína total, sua absoluta aniquilação são atos vagarosos. Obrigam-nos a tirar um David dum bloco frasal, cortando as sobras fora numa labuta contínua, a passos custosos. Pior: o fantasma da vogal vizinha do A assombra uma porção colossal do idioma usado por Drummond, Saramago, Suassuna. Fica a lição: quando o lipogramatista não dá valor a uma vogal tão ubíqua (dúvidas, consultar o dicionário), a vida logo torna clara sua mancada.

Jogos com palavras são práticas fabulosas. Vão da harmonia dos palíndromos à voluntária privação típica dos lipogramas, passando por lipogramas univocálicos (utilizam só uma vogal na construção toda, como, digamos, “A barata acanhada arranha a casca da batata amarga”) ou pangramas, os quais disponibilizam, num parágrafo curto, todos os sinais vocálicos ou consonantais. Os curiosos bastam vasculhar as obras-primas do grupo OuLiPo, formado na França, para saciar a ânsia por outras diabruras imaginativas.

Quanto a mim, fico por aqui.

30/08/2007

28/08/2007

A vazante da infomaré

Depois que meu Firefox sumiu misteriosamente com meus favoritos pela segunda vez em um mês, resolvi aposentar os bookmarks offline e partir para o del.icio.us, que permite acesso aos meus links prediletos em qualquer buraco do mundo que tenha conexão web. Aproveito minha empolgação inicial para fazer uma Vadiagem Malemolente e compartilhar convosco alguns sites que reencontrei enquanto me cadastrava:

Tecnologia: ache a música usando a barra de espaços
Blog: Conversas Furtadas
Astronomia: guia prático de constelações
Imagens: fotos tiradas de cima
Fast-food: anúncios vs. realidade
Dicas: como ser criativo
Futebol: Copa do Mundo Não-Oficial
Game: você digita rápido?
Blog: Post Secret
Vídeo: desenhando uma mulher
Internet: o maior e-mail do mundo
Texto: o menor conto do mundo
Orkut: Discografias
Blog: Refluxo Gástrico
Publicidade: logomarcas de duplo sentido
Quadrinhos: Calvin & Hobbes
Revelação: onde roubei o template do blog

Skavurska!

Sou só eu ou você também sente uma pontinha de sarcasmo nos jornalistas quando se referem ao G8 como a reunião dos sete países mais desenvolvidos do mundo mais a Rússia?

27/08/2007

Que descolorirá



Meu apreço por making-ofs, relatos de autores e entrevistas que esmiúçam processos de criação, já mencionado aqui no blog, vez por outra me faz procurar a origem de obras-primas que me apetecem. Hoje, por exemplo, resolvi pesquisar a história da “Aquarela” do Toquinho, lembrando do que ele disse no show do Chevrolet, que aquela era uma canção sobre despedida. E fiz uma descoberta surpreendente: a música, cuja letra parece ter sido escrita sob encomenda para a Faber-Castell, não foi nem mesmo composta em português.

Disse o Toco: Aquarela é o presente que todo autor deseja em sua carreira. Foi feita num impulso de inspiração, em 15 minutos, junto com o músico italiano Maurizio Fabrizio. A letra original, em italiano, é do Guido Morra, e depois eu fiz a versão para a língua portuguesa. Foi a primeira música que fizemos para um grande projeto fonográfico lançado na Itália a partir de 1982. É uma canção que, apesar de falar de uma drástica realidade, que tudo um dia terminará, envolve essa realidade de um lirismo que encanta desde crianças até idosos.

E tem o caso do “Jardim da Fantasia”. Era uma canção da qual eu já gostava bastante. Um dia me contaram que o Paulinho Pedrazul tinha feita música em homenagem à sua falecida esposa, o que fazia todo o sentido e dava uma cara ainda mais poética, triste e bela a versos como “Me beije só mais uma vez / Depois volte pra lá”. Eis que minha curiosidade me fez usar o Google e topar com uma entrevista do próprio Paulinho.

Disse o Pedra: As pessoas comentam que foi uma música que fiz para uma noiva que eu tinha e que morreu. Mas isso é mentira, não existe morte nessa música. Foi invenção de algumas pessoas que escutaram e, por conta própria, espalharam essa história, que eu não consigo desmentir até hoje. A pessoa para a qual eu fiz a música está viva, foi a primeira namorada que eu tive em Pedra Azul.

Como disse o De Pinho, só falta agora o Eric Clapton revelar que nunca teve filho...

13/08/2007

Devaneio

Pela lógica da semana, a segunda-feira 13 deveria causar muito mais medo nas pessoas, não?

A Tale of One City

A cidade é uma estranha senhora, que hoje sorri, amanhã te devora

Cidade de hoje: Paraty



Paraty é uma Ouro Preto plana e praiana. A atmosfera cultural, as construções dos tempos de outrora, a alta taxa de estrangeiros por metro quadrado e as ruas de pedra que acabam com os pés muito lembram Vila Rica. Mas o fato de ser tudo plano é um adendo importante. E o mar ali tão perto muda tudo, na verdade.

Cheguei em Paraty numa manhã de sexta-feira, depois de dez horas de ônibus tentando evitar o frio usando toalha de banho como cobertor, meia hora na rodoviária de Angra e mais hora e meia em coletivo de roleta. Minha desculpa oficial era participar do segundo Enlarp - Encontro Latino-Americano de Redação Publicitária, mas como o evento só começava à noite, eu tinha ainda uma sexta inteira pela frente e um domingo livre para desbravar aquele lugar do qual tinha ouvido tanta propaganda boa.

Tenho esse hábito quando viajo sozinho: reservo o primeiro dia para reconhecimento de terreno. Andar a esmo, ficar perdido, tomar sorvete sentado na calçada vendo o violonista de rua duelar musicalmente com o saxofonista da outra esquina. Como manda o manual, comecei pelo Centro Histórico. Os limites do bairro são marcados pelas correntes fechando as ruas. Ali é proibida a entrada de qualquer veículo motorizado. Não tem carro, não corro, não morro. É a primeira diferença mais marcante entre Paraty e Ouro Preto. A segunda não tarda a aparecer: aquele marzão sem fim, margeado pelos barcos de pescadores e as escunas de passeio que se aventuram diariamente no Maior Atrativo Turístico do Mundo.

A beira-mar logo me inspirou uma cruzada por um bolinho de aipim com camarão. Percorri as barraquinhas e as lanchonetes, pedi informações e investiguei menus. Um fracasso, infelizmente. O jeito foi saciar a fome de bichos do mar sentado à mesa de um restaurante, do jeito civilizado. Os restaurantes do Centro Histórico têm duas características em comum: o cardápio, bem semelhante, e o preço, bem sem-vergonha. Não adianta, se tem turista por perto disposto a abrir a mão, metem a faca. Aliás, regra número um pra qualquer cidade turística: o preço das refeições é diretamente proporcional ao número de línguas que se lê no cardápio. Mas o clima litorâneo e preguiçoso faz a gente relaxar e deixar a fome vencer o sangue turco. Comi peixe os três dias, às vezes com pirão, às vezes com molho de camarão, sempre em um restaurante chamado Cara-alguma-coisa: Caravelas, no primeiro dia, Caramujo, no segundo, e o Caravelas de novo no terceiro (até a trilha sonora era mesma, sambas do Caymmi cantados por outrem).

O Encontro de Redação Publicitária valeu a pena: palestras com sujeitos competentes (Eugênio Mohallem, Alex Periscinoto), um inusitado concurso de piadas, a oportunidade de conhecer gente do Brasil inteiro que também vive de inventar frases e a oportunidade mais rara ainda de encontrar o Periscinoto na rua e ouvir seus causos sobre Kibon, Volkswagen, Alka-Seltzer. À noite, a gente juntava aquele grupo enorme e ia beber. Redatores de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Beagá, misturados a italianas, peruanas e ingleses que conhecêramos por aí. E dá-lhe caipicoisas, café com pinga e cerveja pra esse povo. Na segunda noite, por exemplo, voltei pro albergue às quatro e meia, depois da festa de encerramento do Enlarp no Paraty 33. O bar era bom, ali no início do Centro Histórico, ainda que caro e um pouco cheio. O que decepcionou foi a banda, que começou bem com Chuck Berry e Ultraje, caiu um pouco no conceito quando foi pra "Pescador de Ilusões", piorou com Detonautas e atingiu o fundo da caçamba de entulho com "Quando Deus te desenhou..." (ignoro solenemente o nome da canção e prefiro continuar assim).

O passeio de barco, o mergulho de snorkel no mar, a visita a Trindade e às ilhas vizinhas vão ter que ficar pra próxima visita, quem sabe no Enlarp do ano que vem, quem sabe um pouco antes, durante a FLIP. Sou só eu ou qualquer um que vai pra Paraty precisa urgentemente voltar pra lá?



Igreja Santa Rita, famoso cartão-postal-ímã-de-geladeira de Paraty. O bando de gente na porta tava filmando um comercial de turismo. Era um monte de velhinhos, que, ao sinal do grito do diretor, entravam na igreja forjando interesse e apontando uns aos outros a exuberância do sino lá em cima.




O clima bucólico das ruas do Centro Histórico...




O clima bucólico do cais do porto...




Eliana, André e eu, num domingo nublado à beira do mar.




Pichação de algum revoltado com a FLIP e a rua já começando a encher d'água.



Duas horas depois, já dá até pra andar de lancha.



Saideira no albergue: Chris e Charlotte, o casal inglês que pescava bagres no albergue, eu e o Bruno, de Curitiba.



Tá achando que albergues seguem o padrão eslovaco dos filmes de Hollywood? O albergue de Paraty não só tinha internet grátis, cozinha, quiosque de bebidas e vista para o mar como ainda não torturava os hóspedes na calada da noite!

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Tenho certeza de que vocês me sugerirão nomes melhores pra essa seção do que um trocadilho com o livro do Charles Dickens. De qualquer forma, todo domingo tem um relato sobre alguma cidade por aqui.

11/08/2007

Junk Food Journal

Crítica gastronômica de porcarias alimentícias



Menu do dia: Pringles sabor Filet Mignon Grelhado com Toque de Cebola

Por trás de um pomposo nome que evoca sofisticação e bom gosto, esconde-se uma das piores atrocidades já cometidas contra as batatas. A embalagem até engana os incautos. O ar classudo da logomarca e os dizeres "edição especial" atestam a credibilidade do produto, enquanto um apetitoso boi morto desperta em você o desejo carnívoro de pagar a fortuna que custa uma Pringles e provar a novidade. Na primeira mordida você não sabe se gostou ou não. O sabor é exótico, um julgamento embasado requer uma amostragem considerável. Mas não adianta. Depois de duas ou três você fica imaginando se atearam fogo numa plantação de batatas, cortaram as cinzas em fatias finas e empilharam no pote vertical. De todos os elementos que compõem o nome palavroso, só "grelhado" faz algum sentido. Mas o pior é a tarja verde assusta-gringo que puseram na embalagem, ao lado de uma bandeirinha do Brasil. Como se carvão grelhado fosse comida típica do país. Li no site deles que existe um outro sabor integrando a mesma "coleção", chamado Queijo Especial com Tempero Gourmet. No mínimo tem gosto de pé. Qualquer dia eu experimento só pra difamar com mais propriedade.

Sugestão do chef: deguste com Fanta Chinotto e faça um haraquiri em seguida.
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Junk Food Journal será publicado todos os sábados neste mesmo batcanal

10/08/2007

Yellow press



Lá na agência onde trabalho, a gente edita o jornalzinho de uma escola. O conteúdo vem todo deles, mas fazemos o que dá pra tornar o trabalho divertido, inventando firulas, ornamentos e outros gueriguéris. Sei lá, acho que isso acendeu uma chama pseudo-jornalística em minha pessoa, tanto que hoje improvisamos um jornalzinho da agência, impresso com a incrível tiragem de três exemplares e divulgando uma entrevista exclusiva conduzida por toda a turma presente na sala. Daí agora há pouco, tomando banho, tive a idéia de trazer esse espírito aqui pro Biselho. Tornar mais assídua minha presença neste lar abandonado criando umas seções temáticas pra cada dia da semana. Pensei em coisas como:

>> "Os Livros Que Parei no Meio". Tem uma pilha de livros aqui em casa que comecei a ler, avancei até a vigésima página, cheguei à nonagésima, mas empaquei de vez no meio e aí já viu. O propósito aqui não são críticas literárias, o que seria presunçoso, mas investigar os motivos enigmáticos dessas abruptas interrupções.

>> "A Tale of One City". Pode ser uma cidade que já visitei, ou que alguém que eu conheço já visitou, ou que eu tenha vontade de conhecer, ou que eu não queira pisar lá de jeito maneira. Enfim. Relatos sobre cidades.

>> Quero uma seção sobre discos, mas ainda não decidi se faço sobre discos inusitados, se escrevo a experiência da minha primeira audição de determinadas obras (como fiz recentemente com o último do Skylab) ou se misturo tudo numa excêntrica salada auditiva só.

>> As entrevistas não podem faltar, claro. Entrevistas com quem? Com gente que eu conheço, ué. A menina que detesta chocolate, a garota que realizou seu sonho de ser guarda florestal, o baterista que quebra tudo em que põe a mão, qualquer um pode ser entrevistado do Biselho e ganhar o instantâneo status de celebridade. Quem se habilita a inaugurar a seção?

01/08/2007

Sugestões?

Este pardieiro anda meio abandonado, então resolvi seguir as sugestões alheias, pra variar. E aí, o que vai ser? Haikai com fritas? Texto ao molho barbecue? Façam seus pedidos.

10/07/2007

Ave



Preço irrisório de sete e cinqüenta. Um Marista acessível no meio da Savassi. Meus amigos comparecendo em peso. Não consegui arranjar desculpa pra não ir e assim assisti ao meu segundo show dos Mutantes. Há quem maldiga a reunião, execrando dona Zélia e condenando essas recentes tentativas de reviver décadas passadas. No caso do Capital Inicial é bem verdade, e alguém já devia ter mandado o Dinho pra Portugal de navio. Nos Mutantes é aquela coisa: se tivesse a Ritali ia ser mesmo tremendo, mas Duncan Toys não faz feio no meio dos brothers Dias Baptista e o espetáculo é um alento de rock e arte em meio a tanto emocore rondando a cidade. Testemunhei a primeira vinda da banda a Beagá em abril, na arquibancada do lado direito, ouvindo de perto a virtuose do Sérgio. Dessa vez estive lá no meio da massa, com mais atenção às macaquices do Arnaldo e o monitor à sua frente onde é provável que leia cifras e letras enquanto batuca feliz seus teclados. O resto da banda é obviamente muito competente, e vai do tiozão batera da formação original à percussionista rastafári doida de tudo. Rolou o repertório completo, momentos latinos com "Cantor de Mambo" e "El Justiciero", apoteoses coletivas em "Top Top" e "Balada do Louco", e até um parabéns pra você pro Arnaldo, que completava 59 anos de insanidade criativa. O bis terminou com uma alongada versão de "Panis et Circenses" e eu aproveito a deixa em latim pra mostrar a novidade que eu imaginava toda vez que lia um álbum do Asterix. Ponham-se a correr, bárbaros imundos.

02/07/2007

Adeus ano vé

Dois de julho ao meio-dia é a exata metade do ano. Hora de fazer promessas para o próximo semestre, pular 3,5 ondas e se embebedar com meia garrafa de Sidra Cereser.

Feliz revê para todos.

28/06/2007

Divagações assim sem muito rigor #3

Trânsito muito louco



Inventaram outra obra no meu bairro, fizeram um desvio e de repente meu atalho matinal virou o caminho de todos. Não bastasse a última reforma-monstro, que trouxe sinais dessincronizados e pistas quádruplas que se estreitam numa só, insistem ainda em um round II. Esqueçam. 2007 tem sido o ano em que mais se vendeu carros na história, tão aumentando a média com esses financiamentos de até 84 meses, e a situação só vai melhorar quando o teletransporte se tornar uma opção economicamente viável. Ou então façamos como os franceses, que reduzem o contingente queimando uns carros toda vez que tem manifestação. De qualquer forma, se os engenheiros de trânsito de Belo Horizonte voltassem das suas férias, que já duram uns dez anos, ajudaria um pouco.

Divagações assim sem muito rigor #2

O amor nos tempos de Babel



Timinho chulé esse nosso. Dois a zero ainda foi pouco. Não teve o fatality do terceiro gol por pura incompetência mexicana, mas foi flawless victory do mesmo jeito. Falando em Sudamerica, outro dia topei com umas fotos das filmagens de O Amor nos Tempos do Cólera, produção baseada no livrão do García Márquez que estréia no final do ano. Pontos positivos: as fotos são boas, os personagens e os cenários se parecem com as descrições do livro, o roteirista é o mesmo de O Pianista e as filmagens ocorreram em terras colombianas, como devia ser. Ponto negativo: segundo o IMDB, o idioma do filme é o inglês. Como assim? Esses tapados de Joliúd são incapazes de aprender algumas sentenças em castelhano. Por isso admiro os culhões de diretores que ousam trocar o inglesão pela língua local, como o japonês em Cartas de Iwo Jima e o aramaico d'A Paixão de Cristo. Seja como for, estarei lá para ver Florentino e Fermina e o amor impossível que deu origem ao melhor livro do Gabo (na opinião dele próprio, porque eu sou conservador e ainda fico com o Cem Anos). Mas minhas esperanças nas adaptações de livros inadaptáveis ainda ficam em Ensaio Sobre a Cegueira, do Saramago, que caiu nas mãos do Fernando Meirelles e ele não iria avacalhar demais com uma obra dessas. Ou iria?

Divagações assim sem muito rigor #1

Futebol e música da pior qualidade



Daqui a pouco o Brasil entra em campo contra os mejicanos na estréia canarinho na Copa América. É um campeonato que me apetece mais do que esse Pan que inventaram pro Rio. Pelo menos os sul-americanos têm tradição no futebol, embora a perebice de sempre se faça presente na maioria das partidas. Já no Pan não vejo muita graça. Parece desculpa pra afugentar quenianos e coreanos, e garantir pros brasileiros o ouro em corrida e ping-pong. A Globo não pensa assim e enfia o Pan em todos os programas, mas só porque já perdeu pra Record os direitos da próxima Olimpíada (tá confirmado isso?). O Rio tá ruim de evento, já viram a programação do tão falado Live Earth? Enquanto Nova York tem Dave Matthews Band, Roger Waters e Bon Jovi, no Brasil a atração internacional mais famosa é o Lenny Kravitz. Pff. Ó, mal começou o jogo e já roubaram um gol nosso. O prêmio de melhor nome de jogador da partida vai pro atacante Vágner Love. Com um nome assim, no mínimo eu seria tecladista de uma banda cover de Bon Jovi. Quem não quiser assistir futebol, divirta-se com o Esquilo Dramático, o melhor vídeo de 5 segundos da última semana.

16/06/2007

Phoney people come to play



Uma coisa irritante é quando você tem a idéia de fazer um blog, pensa num nome supimpa e quando vê ele já existe, embora o primeiro e único post date de setembro de 2001. Por conta disso, sempre que imagino um nome que futuramente poderia render frutos cibernéticos, vou no Blogger e registro. Nessa brincadeira, já estão em meu poder o spoonerista Oitra Cousa, o sincero Umas Verdades, o anagrâmico Paulo Saci e o enigmático Estalactite ("Das profundezas dos tetos cavernosos, desce sorrateira a estalactite").

Obviamente nenhum deles foi pra frente ainda, mas meu novíssimo projeto inacabado promete uma eternidade de diversão trash. Lost in Bollywood será uma coleção de pérolas da meca do cinema indiano, um compêndio de atrocidades cinematográfico-musicais cometidas no país da vaca sagrada. Os primeiros vídeos já estão lá, esperando sua visita. Namastê!

Quem

Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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