30/12/2005

Últimas retrospectivas culturais

A meta pra 2006 é a mesma de todo ano. Ver mais filmes, ler mais livros, assistir a mais shows bons. Mas sem promessas: ao contrário deste ano, em 2006 não vou prometer mais nada. Juro.



Top 10 filmes vistos no cinema em 2005:

10. A Queda - As Últimas Horas de Hitler
09. King Kong
08. O Guia do Mochileiro das Galáxias
07. O Jardineiro Fiel
06. Batman Begins
05. 2 Filhos de Francisco
04. Menina de Ouro
03. Manderlay
02. Sin City - A Cidade do Pecado
01. Closer - Perto Demais



Top 10 filmes que estiveram nos cinemas em 2005 (embora alguns eu tenha visto só no devedê):

10. Batman Begins
09. 2 Filhos de Francisco
08. Menina de Ouro
07. Manderlay
06. Sin City - A Cidade do Pecado
05. Edukators - Os Edukadores
04. A Fantástica Fábrica de Chocolates
03. Antes do Pôr-do-Sol
02. Closer - Perto Demais
01. Os Sonhadores

(Essa minha lista também foi publicada no Cinema em Cena)



Top 10 filmes assistidos em 2005 em vídeo ou devedê que eu, vergonhosamente, nunca tinha visto antes:

10. Taxi Driver (1976)
09. Os Suspeitos (1995)
08. Os Bons Companheiros (1990)
07. Edifício Master (2002)
06. Apocalypse Now Redux (1979/2002)
05. Laranja Mecânica (1971)
04. Arthur (1981)
03. Um Sonho de Liberdade (1994)
02. Amores Brutos (2000)
01. Antes do Amanhecer (1995)



Top 10 filmes mais esperados de 2006

10. Carros (junho)
09. Lady in the Water (agosto)
08. Piratas do Caribe 2 (julho)
07. X-Men 3 (maio)
06. Os Três Patetas (não se sabe quando)
05. O Código Da Vinci (maio)
04. Superman Returns (julho)
03. V de Vingança (março)
02. Sin City 2 (setembro)
01. Os 300 de Esparta (será que sai em 2006?)


Músicas que integrarão a minha trilha sonora do ano de 2005:

01. Angra - Wuthering Heights
02. Hilary Summers, Kemi Ominiyi & The R'SVP Voices - So Long & Thanks For All The Fishes
03. Damien Rice - The Blower´s Daughter
04. Christopher Cross - Best That You Can Do (Arthur´s Theme)
05. Dudley Moore - Medley: Santa Claus Is Coming To Town / Blue Moon / If You Knew Susan
06. Os Cariocas - Tarde em Itapoã
07. Bossa Nova Medley - Wave (João Gilberto) / Samba da Bênção (Bebel Gilberto) / Garota de Ipanema (Tom Jobim)
08. Dorival Caymmi Medley - Coqueiro de Itapoã / É Doce Morrer no Mar / 2 de Fevereiro
09. Peter Frampton - Show Me The Way (ao vivo)
10. Rolling Stones - Like a Rolling Stone
11. Foo Fighters - Best of You
12. U2 - One
13. Lucas Paio, Bruno Maluf & Paulo Victor - Isabella
14. Lucas Paio, Bernardo Silveira, Bernardo Silvino & Renato Villaça - Just Do It
15. O Móbile - O Culpado
16. Pearl Jam - Down (Rio de Janeiro, 04/12/2005)
17. Pearl Jam - Yellow Ledbetter (Rio de Janeiro, 04/12/2005)

Bônus Trash:
18. Black Eyed Peas - Don´t Phunk With My Heart



Top 5 shows assistidos em 2005:

05. Gilberto Gil (Chevrolet Hall, 7 de maio)
04. Focus e Cálix (Chevrolet Hall, 25 de maio)
03. Los Hermanos (Chevrolet Hall, 22 de outubro)
02. Tangos & Tragédias (Teatro Sesiminas, 9 de setembro)
01. Pearl Jam (Praça da Apoteose, Rio de Janeiro-RJ, 4 de dezembro)



Top 5 melhores livros lidos em 2005 (shame on me: só precisei tirar 3 livros da lista pra fazer um top 5):

05. O Evangelho Segundo Jesus Cristo (José Saramago)
04. Harry Potter and the Half-Blood Prince (J. K. Rowling)
03. O Guia do Mochileiro das Galáxias (Douglas Adams)
02. O Restaurante no Fim do Universo (Douglas Adams)
01. Crônica de Uma Morte Anunciada (Gabriel García Márquez)

Top 3 leituras interrompidas na metade:

03. A Vida, o Universo e Tudo Mais (Douglas Adams)
02. Assassinatos na Academia Brasileira de Letras (Jô Soares)
01. Por Um Fio (Dráuzio Varella)



Top 5 HQs lidas em 2005:

05. Sin City - A Dama Fatal
04. Asilo Arkham
03. 1602
02. Superman - Entre a Foice e o Martelo
01. Maus

Menção honrosa para as revistinhas da Turma da Mônica desse mês, que estão todas interligadas.



Top 1 pior HQ lida em 2005:

01. Asterix - O Dia Em Que O Céu Caiu (meus temores foram confirmados)

Menção desonrosa para Celton 16 - O Combate do Presidente Com o Mensalão. Vale pelas participações de Bonner, Fátima e a mulher do MGTV. Mas o que dizer de uma HQ, ainda que caseira, que contém trechos como este? "E assim, porque o presidente era o homem que o povo votou nele (sic), honesto, íntegro e corajoso, sem o rabo preso com ninguém, todos os corruptos foram presos e seus bens confiscados".

Se este ano nos trouxe uma certeza, foi a de que Lula não é o herói da história.

18/12/2005

Depois da última coelhada



Noite no supermercado quase vazio. Ela faz as compras para o fim-de-semana, empurra o carrinho com calma, olha a validade da manteiga. Está nisso quando ouve a voz no fim do corredor, dirigida a um funcionário:

- Qual é o pleço desse macalão?

O funcionário tenta segurar o riso. Não consegue, pede desculpas.

- Eh... três e oitenta e nove.
- Bligado - diz o homem, entristecido.

Ela mal acredita no que vê. Debaixo daquele chapéu e da barba por fazer, as semelhanças são tremendas. O timbre da voz é outro, claro, mas as peculiaríssimas nuanças no jeito de falar são idênticas. Ela só precisa tirar a prova. Aproxima-se devagar, com o carrinho. Ele continua envolvido com os preços das massas, não consegue se decidir entre o macarrão e o ravióli. Vendo mais de perto, ela fica em dúvida se é ele mesmo. Vai ser ridículo se não for, ainda mais se chamá-lo pelo apelido de infância.

- Ce... – começa ela, e pára no meio. O mesmo funcionário volta pelo corredor e ela aproveita pra disfarçar - Ce... senhor?
- Sim?
- Você sabe onde fica a seção de... cebolinhas?

O homem olha instintivamente. Pra ela é uma confirmação. Ignora o funcionário e suas indicações, e vai falar com ele, agora firme.

- Cebolinha?

Ele ri, assim sem jeito.

- Sou eu...
- Nossa. Cebolinha. Faz o quê, uns trinta anos?

O sorriso tímido dele permanece. Obviamente não a está reconhecendo. Força a memória. Principalmente porque, para uma mulher como aquela vir falar espontaneamente com um homem como ele, só sendo antiga conhecida mesmo.

- Eu... desculpa, eu não sei. Você...
- Cebolinha, Cebolinha. Vai dizer que esqueceu aquela que cê tanto enchia o saco quando a gente era criança?

Agora é ele quem mal acredita. Ela está agora tão alta quanto ele, tem os dentes perfeitos, e passa longe de qualquer sinal de obesidade. Mas é ela.

- Mônica? – balbucia.

Ela sorri.

- Faz tempo, não faz?
- Puxa vida. Muito tempo mesmo. Você tá... difelente...

Ela sorri mais ainda.

- Pode falar. Um corpinho invejável pra alguém com quase quarenta, né?

Ele não fala nada. Só pensa. Quando fala, é dos dentes.

- Pelo visto, não posso mais te chamar de dentuça...
- É. Oito anos de aparelho, meu caro. Oito longos anos.
- Ah, valeu o saclifício, né? Eu, pol outlo lado...

Ele tira o chapéu e mostra pra ela. Lisinha, lisinha.

- O último fio caiu faz dois anos – ele ri, decepcionado.
- Ah, não é possível. Você manteve um fio na cabeça? Um fio, Cebolinha?
- Quê isso, maiol olgulho aquele fio...
- Haha. Mas e aí, me conta, o quê que cê anda fazendo? Tá casado, tem filho?...
- Nada. Ainda no time dos solteilos na pelada de segunda à noite.
- Tá trabalhando onde?
- Alumo uns bicos aí, de vez em quando. Mas tô com um plano de montar um negócio com um amigo meu, em bleve...
- Sei. Você e seus planos...
- Não, mas esse é infalível!...

Ela acha graça, e vem-lhe a certeza: certas pessoas não mudam.

- Bons tempos, os nossos, né? Vocês me torravam a paciência, mas era divertido. Tem visto alguém da turma?
- O Cascão ainda jogava bola comigo, mas agola tá tão ocupado, dando palestla pelo país afola...
- Virou médico, né?
- Quem dilia. Outla que eu vi, mas já tem algum tempo, foi a Magali. Tava meio tliste, tinha sepalado do malido...
- Magali... nossa, eu me arrependo tanto da gente não ter ajudado ela, depois que ela descobriu que tinha era bulimia...
- Pior foi o Flanjinha.
- O que ele fez?
- Não lembla? Com doze anos começou a usar o labolatólio dele pla fazer loló. Chegou a intoxicar o cacholo dele fazendo testes, quase matou o coitado.
- Quê isso... e cê tem notícia dele agora?
- Depois que saiu do bailo, nunca mais vi. Um monte de gente, aliás. Mas e você? Encontla com alguém das antigas?
- Hmm, todo dia.
- Todo dia?
- Todo dia – ela sorri de novo, com seus dentes perfeitos.

Ele capta.

- Ah, não, Mônica. Não vai dizer que você casou com alguém da tulma.
- Pois é... – ela faz questão de ser misteriosa.
- Quem é?
- Ah...
- Anda, Mônica.
- Ah, chuta, vai.
- Titi?
- Não...
- Xaveco?
- Não, não...
- O Chico Bento. Não é possível. Você casou com o Chico Bento.
- Ele nem era da turma, Cebolinha.
- Ah, então sei lá, o Do Contla?

Pausa. Ele fica chocado, e é ela quem tem que falar:

- Também, ele era o único da turma que não me atazanava, né... hehe...
- Puta melda, Mônica. Com tanta gente no mundo, você foi casar logo com o Do Contla?
- Hmm, bobo. Pois fique sabendo que ele é um ótimo marido. E um ótimo pai, também.
- Imagino. Deve bater nas clianças no anivelsálio delas e te dar estlume no dia dos namolados.
- Vai me provocando, vai. Você lembra o que aconteceu da última vez.
- Ô se lemblo. Essa ciclatiz no queixo aqui, cê acha que é de quê?
- A culpa não é minha se você se desequilibra tão facilmente com uma coelhadinha de nada – ela diz, dando risada. Então aponta e fala – Olha só.

Ele olha dentro do carrinho dela. Se espanta quando vê as duas orelhinhas azuis.

- Puta que paliu. É ele??

Ela tira do carrinho e desdobra o pano: apenas uma toalha azul.

- Vou mandar bordar o nome da minha filha aqui. Dalila. Foi a minha homenagem pra ele, de certa forma...
- E ela tá com quantos anos?
- Vai fazer onze semana que vem. A outra já tem quinze, quase. Tá complicado, as duas naquela fase de querer sair, de arrumar namoradinho... Mas olha, como vale a pena. Cê não tem vontade de ter filho mesmo?
- Vontade tenho, né...
- Então! Toma jeito na vida, pô.

Ela diz isso rindo, mas percebe uma pontada de tristeza na súbita quietude dele.

- Eh... eu vou indo, tá? Tenho que acabar essas compras aqui...
- Vai lá. Qualquer dia a gente combina alguma coisa, alguma leunião da tulma...
- É, podia mesmo. Vou ver quem eu ainda tenho como achar, fazer umas ligações aí...
- Tá malcado então, hein.

Ele não quer se despedir, quer conversar mais. Quer que ela volte no assunto da paternidade, insista em perguntar sobre os filhos que ele não teve, ou o emprego fixo que ele não tem, para que possa, enfim, desabafar:

- Ah, Mônica, o que você espela que eu fale? Que todas as minhas namoladas me lalgalam antes de me aplesentalem plas famílias delas, com velgonha dessa melda de língua plesa? Que nenhuma emplesa quer contlatar um cala que fala desse jeito, pla não queimar o filme com os clientes? Que--

- Até mais, então.

Ela vira o corredor dos enlatados e desaparece com suas compras, alheia às lamúrias silenciosas do antigo amigo. “Até mais”, ele repete, mas ela já não está mais ali. Ele olha pro macarrão, olha pro ravióli, acaba pegando um pacote de miojo. Coloca entre as duas garrafas de vodca e segue com o carrinho, enquanto tenta criar coragem pra enfrentar a fila do caixa.

16/12/2005

War of the remakes


Podem me tacar pedras: não sei fazer bola de chiclete, não sei pular de ponta e não vi a versão original de A Fantástica Fábrica de Chocolates. Mas não me culpem por esse último. Embora vários digam que esse é o maior clássico sessão-tardino de todos os tempos (discordo: desse posto ninguém tira Curtindo a Vida Adoidado), a Globo não passa as aventuras de Charlie na fábrica de Willy Wonka há tanto tempo que nem lembro qual foi a última oportunidade perdida de ver esse filme. Se quiserem me tacar pedra por causa da Sessão da Tarde, taquem por eu ainda não ter visto Os Goonies.

Ontem à noite redimi uma parcela miúda de meus pecados, ao assistir ao remake 2005 da Fantástica Fábrica de Chocolates, dirigido por Tim Burton e estrelado pelo mutante Johnny Depp. Não foi o único remake que vi ontem: aluguei também a versão 2005 do Spielberg para Guerra dos Mundos, e com isso ganhei um cupom para concorrer a um DVD player no final do mês, nunca se sabe, né. Os dois filmes não têm absolutamente nada a ver - exceto pelo fato de que ambos são refilmagens, foram baseados em livros, têm diretores famosos no comando e rostos mais do que conhecidos como protagonistas. Itens mais que suficientes para colocarmos ambos num ringue de batalha e ver no que dá uma luta entre os dois, só pra espairecer. Vejamos:

Fidelidade ao original
Não li o livro cacaueiro de Roald Dahl (nem vi o filme de 1971), bem como não li o relato bélico-alienígena de H. G. Wells (nem vi o filme de 1953). Falo, portanto, com pouquíssimo conhecimento de causa, e não me gabarito para discorrer sobre este aspecto. Pra falar a verdade, nem sei pra quê eu pus essa categoria. Pula.

Premissa básica
Etês invadem a Terra. Crianças visitam uma fábrica de chocolates. Isoladamente falando, a primeira premissa é mais interessante do ponto de vista dramático. Mas já foi usada de tantas e tão variadas formas (só pelo Spielberg, em dois filmes, E.T. e Contatos Imediatos do Terceiro Grau) que o tema já está mais batido que meu carro três meses atrás. Por sua vez, não vejo assim tantos filmes com crianças visitando fábricas de chocolates, que aliás não deixa de ser um tema inusitado e original. Ponto para Willy Wonka.

Protagonista
Tom Cruise vs. Johnny Depp. Ridícula essa. Por mais que falem que não, Cruise faz o mesmo personagem há vinte anos. Enquanto Depp é a maior prova da versatilidade humana na história recente do cinema. Os personagens principais de ambos os filmes têm lá suas semelhanças (ambos são egoístas e têm claras dificuldades de lidar com crianças, por exemplo). Mas o chocolateiro Wonka, com suas frases sarcásticas e seus trejeitos malucos, ganha de mil do operador de guindaste (!!!) Ray Ferrier. Ponto para Wonka.

Principal criança em cena
Freddie Highmore vs. Dakota Fanning. Freddie é o Charlie do título original do filme dos doces (Charlie and the Chocolate Factory), enquanto a jovem Dakota vive a filha de Tom Cruise-Credo em Guerra dos Mundos. Freddie/Charlie mostra-se um bom ator infantil na primeira parte do filme, quando sonha em ganhar o bilhete dourado que vai levá-lo a uma visita à tal fantástica fábrica. Mas praticamente some quando começa a contracenar com Johnny Depp. Já Dakota (ô nominho... se era pra homenagear os Estados Unidos, por que não Carolina ou Virginia?) é claramente melhor que Cruise nas cenas que faz com ele. Ou seja, o filme todo. Ponto para Spielberg.

Coadjuvantes
De um lado, a corja de Tom Cruise: seu filho no filme (péssimo), Tim Robbins (competente, mas nada excepcional) e umas mulheres avulsas (que somem tão rápido quanto aparecem). Do outro lado, a família de Charlie e as criancinhas nojentas e metidas que também ganharam a visita à fábrica, todos caricaturais na medida certa, todos memoráveis. Sem dúvida alguma, ganha a turma de Charlie. Ponto para Willy Wonka.

Personagens esquisitos
Outro que não há dúvidas: os etês de Guerra dos Mundos são asquerosos e metem um certo medo, mas nada é mais bizarro que os Oompa-Loompas, interpretados todos por um só ator. E com o adendo do não menos bizarro idioma natal dos Loompas, que Willy Wonka usa para convidá-los a trabalhar na fábrica dele. Os etês não têm um idioma tão legal assim. Ponto para Wonka.

Trilha sonora
John Williams, antigo comparsa de Spielberg, versus Danny Elfman, antigo comparsa de Tim Burton. Williams já fez temas excelentes (Indiana Jones, Superman, Jurassic Park), mas em Guerra dos Mundos está contido, tímido, a gente quase não percebe que tem música tocando. Por sua vez, Elfman (responsável por Edward Mãos-de-Tesoura, Batman e Simpsons) compôs e cantou todas as musiquinhas cínicas que os Oompas-Loompas dançam (e dublam), o que por si só já garante mais um ponto para Wonka.

DVD
Fantástica Fábrica de Chocolates poderia ter um DVD muito mais completo do que este que está aí, só como extra só tem um trailer e o comercial da trilha sonora (!!). Material pra making-of não faltava, curiosidade para vê-los muito menos. Guerra dos Mundos conta com um disco só pros extras, com trocentos mini-documentários sobre o livro de H.G. Wells, o filme original, e todos os detalhes desta nova versão. Ponto para Spielberg.

Efeitos visuais
Guerra dos Mundos nos mostra uma destruição bem verossímil do nosso pequeno planetinha azul - mas digamos que isso é o mínimo que podemos esperar de um filme-catástrofe. Já a fantástica fábrica é recheada de absurdos detalhes visuais: uma cachoeira de chocolate, esquilos sacanas, um elevador que anda em todas as direções, sem falar na própria direção de arte e na fotografia do filme, magníficas (pra não dizer fantásticas). Mais um ponto para o filme de Tim Burton, o que nos leva ao resultado final:

Uma incrível (e previsível) lavada de seis a dois para Willy Wonka.

Willy Wonka, Willy Wonka
The amazing chocolatier
Willy Wonka, Willy Wonka
Everybody give a cheer!


E que venha o Rei.

14/12/2005

I wanna be away from here

A moda agora é deixar uma "wishlist" no orkut, na esperança de que algum amigo seu se compadeça e compre pra você aquela Ferrari Scaglietti que você tava querendo. Resolvi fazer minha wishlist também, quem sabe, né?

Neste Natal, eu quero:

- Sossego
- Evitar a fadiga
- Ver o oco
- Colo (vou fugir de casa)
- Te encontrar
- Te conhecer, vê se me dá uma chance...
- Sempre mais
- Ser feliz, andar tranqüilamente na favela onde eu nasci
- Que vá tudo pro inferno

13/12/2005

12/12/2005

Hope you´ll enjoy the show



Dezembro não seria dezembro sem as luzes de Natal que gastam toda a energia economizada com o horário de verão. Não seria dezembro sem a chuva fina que não dá trégua, e muito contribui para a onda de resfriados que acomete incautos como eu. Não seria dezembro sem as incontáveis retrospectivas e as inumeráveis listas de melhores do ano que tanto diverte quem as faz. Atrás de diversão, farei várias. Das comuns, melhores filmes, melhores músicas, às inusitadas, que só não vou revelar quais são porque ainda não as imaginei.

Começo com as melhores apresentações ao vivo que presenciei - e que presenciei fisicamente, porque senão não hesitaria em colocar na lista o Pink Floyd no Live 8, visto enquanto acontecia, numa MTV que insistiu em dar pau justo na hora do momento histórico.

Em 2005, fui num Camping & Rock pela primeira vez. O Woodstock da Serra do Cipó tinha começado numa quinta-feira, mas chegamos lá só no sábado, quando os banheiros já estavam infreqüentáveis. No final das contas, o Camping foi melhor que o Rock, e a comparação com o Woodstock fica mais por causa da lama do que pelas bandas presentes. A grande maioria delas eram covers - Pink Floyd, Pearl Jam, Iron Maiden, Metallica, AC/DC - não tão fiéis aos originais, principalmente depois de tanta coisa esquisita ingerida. As mulheres do Maria Pretinha, por exemplo, erraram um monte de letras dos Mutantes e Secos & Molhados, que não estão entre as poesias mais complicadas de se decorar do mundo.

Outro cover, mais bacana, que assisti foi o The Musical Box. Canadenses, se não me engano (preguiça de olhar no Google). Competentíssimos imitadores do Genesis, a ponto de usar as máscaras que Peter Gabriel usava nos shows, tocaram no Chevrolet Hall, na íntegra, o disco duplo The Lamb Lies Down on Broadway, com direito à música que dá nome à banda no bis. Ainda na linha dos sósias musicais, teve também a peça Chico Rosa, mezzo falada mezzo cantada, que mini-resenhei aqui, mas que figuraria na categoria "teatro" se esta lista fosse mais acurada.

Ultraje acústico. Esse fui outro dia, de ultíssima hora, comprando com os cambistas da porta mais barato que na bilheteria. Continuo firme nas minhas opiniões sobre o acústico do Ultraje: repetitivo, nada inovador. Mas a banda em si é muito divertida, e, no show que vi no Chevrolet, a única coisa de acústica era um moleque de uns dezesseis anos tocando violão. De resto, mais do mesmo, banda em pé, as guitarras distorcidas, e o guitarrista Serginho permormático como nunca. Passearam pelos numerosos sucessos e ainda fizeram covers insólitas, muitas vezes improvisadas ("Paranoid", "Blietzkrieg Bop" embromada pelo Roger, "Long Tall Sally" cantada pelo moleque, e o hino do São Paulo, unanimemente vaiado pela platéia). E é muito engraçado observar a fauna de um show do Ultraje: de quarentões cabeludos tatuados a menininhas de doze anos, de pré-adolescentes mochando até mãe e filha cantando juntas, e os muitos e apaixonados casais de 25 anos: todos gritando "CU!" a plenos pulmões no refrão de "Nada a Declarar". Muito bonito.

Destaco ainda os shows de amigos - Prime, Libélula e O Móbile entre os mais legais, vários de cada um, nos lugares mais carimbados de Beagá: A Obra, Matriz, Pau & Pedra, Neutral, Pop Rock Café, No Fundo do Baú. E agora, o inevitável tópe cinco.

5 - Gilberto Gil (Chevrolet Hall, 7 de maio)
Fui de última hora, de graça e ainda pude ver e ouvir ao vivo coisas como "Maracatu Atômico", "Soy Loco Por Ti America" e "Aquele Abraço".

4 - Focus e Cálix (Chevrolet Hall, 25 de maio)
O Cálix era só a banda de abertura, mas o show foi pau a pau com a atração principal. Melhor momento: "High Hopes", do Floyd, com o guitarrista surgindo no meio da galera, na arquibancada, ao melhor estilo Mestre dos Magos. O Focus, pra variar, fez um showzaço. Melhores momentos: "Sylvia" e o velhinho band-leader correndo, pulando e se ajoelhando como um guri no circo.

3 - Los Hermanos (Chevrolet Hall, 22 de outubro)
Mini-resenhado aqui.

2 - Tangos & Tragédias (Teatro Sesiminas, 9 de setembro)
No texto que fiz na época do show, escrevi: "Poderia me arriscar e dizer que esté é o show do ano, mas 1) o ano ainda não findou; 2) não vi tantos shows assim em 2005 pra fazer um ranking respeitável". De fato, seria este o show do ano, não fosse a presença do pessoal de Seattle e seu português embromado pra desbancar os sbornianos.

1 - Pearl Jam (Praça da Apoteose, Rio de Janeiro-RJ, 4 de dezembro)
Foi tudo esmiuçado aqui. E até hoje escuto o cd que gravei com as músicas do show.

Agora faça a sua lista você também.

07/12/2005

Hey ho, Rio!



Não consegui comprar a camisa verde-amarela, com o mascotinho da banda e a tradicionalíssima frase: "Eu Fui!". Na entrada, vendiam por 25 merréis, o que considerei exorbitante, e preferi deixar pra comprar depois do show, quando certamente cairíam a dez ou quinze. Vi-me vítima da minha certeza ao sair da Apoteose e descobrir que todas as camisetas já tinham sido vendidas para fãs felizes que agora as ontentavam por aí.

Não consegui sequer pegar um flyerzinho que distribuíam na saída, onde, além do nome da banda e da data daquele dia, estava escrito: "O show da minha vida!". A manada de quarenta mil pessoas indo embora pela Marquês de Sapucaí, e o empurra-empurra característico de saídas de shows, não me deixaram estender a mão pra pegar o papelzinho que a moça entregava pra todo mundo. Minha única lembrança material da fantástica apresentação que acabara de presenciar seria, portanto, apenas o ingresso, que felizmente não se desmanchou em meu bolso com o suor.

Por isso, foi com prazer prazer que descobri Orkut afora uma porção de links para as mp3 do show, com as duas horas e vinte minutos de canções em excelente qualidade de gravação. Dão dois cedês, com a capinha oficial inclusive, e a bizarra grafia do nome da cidade: "Rio de Janiero". É muito bom ouvir a galera cantando em uníssono e poder falar: "eu também estava lá, também cantei junto". E não uma bandinha simplesmente, mas aquela que há 15 anos era aguardada pra tocar em terras brasileñas, desde que surgiu em Seattle com um dos melhores discos dos anos 90.

Com isso, cumpro a primeira das minhas quatro resoluções de fim-de-ano que coloquei aqui em outubro. Escrevi na época: "Nem estava muito nos meus planos, mas vários amigos meus tão animando e agora estou considerando seríssimamente". Hoje sei que me arrependeria amargamente se não tivesse ido.

Saímos no sábado à noite numa excursão organizada pela Galo Metal, o que talvez tivesse a ver com o fato de que só voltaríamos... na segunda. Os dois ônibus partiriam dali em frente ao Diamond à meia-noite, mas só fomos pegar estrada depois de uma da manhã. Perguntamos o motivo do atraso pro organizador da excursão. "O ônibus veio sem televisão, tive que mandar voltar e buscar uma!", disse ele, como se doesse passar uma noite sem tevê, dormindo no ônibus. Desnecessário dizer que ela permaneceu desligada tanto na ida quanto na volta. No total, foram nove horas só de ida, contando com paradas que se alongavam por quase uma hora e um motorista dando voltas inúteis no quarteirão pra chegar em Copacabana. Sem falar nos tradicionais malas gritando a viagem inteira, e o torcicolo que adquiri após uma noite de sono nada ideal.

Ali, perto do Posto 1 de Copacabana (ou seria o Leme?), era cada um por si até as quatódatarde, horário marcado pra todo mundo se encontrar de novo. Estávamos em seis: eu, meu primo e quatro colegas dele. Fomos pro Leblon num micro-ônibus e passamos as horas seguintes simplesmente matando tempo: café da manhã na padaria, cervejinha e água de côco na beira da praia, mais comida, mais cerveja, mais ônibus de volta pro ponto de encontro.

Chegamos na avenida Presidente Vargas lá pelas cinco horas, debaixo de um céu azulzíssimo e sem nuvens. Atravessamos a Sapucaí toda a pé, sem sambar, e descobri que a avenida não era tão larga quanto eu achava, vendo pela Globo. Público imenso na Apoteose, arquibancada e pistada lotadas, difícil se locomover. Ainda assim conseguimos um lugar razoavelmente bom, no meio, embora um pouco longe do palco.

Sete e meia entra o Mudhoney. Gostei de algumas coisas, alguns riffs, mas no geral não curti muito o show de abertura. Razões principais: não conhecia absolutamente nada, assim como boa parte do pessoal ali presente; o som deixava a desejar, graves estourando e guitarras barulhentas; e, pôxa vida, não era aquela a banda que todo mundo mais queria ver.

Oito e cinqüenta, céu já escuro, apagam-se os holofotes e entram, finalmente, os caras da banda. Putaquepariu. O Pearl Jam está no palco.

Não foi à toa que jornais impressos e internéticos publicaram manchetes como: "Pearl Jam gera catarse coletiva no Rio". Já na segunda música, "Do The Evolution", a empolgação era geral, e pouco importava se não conseguíamos ver tudo direito, se o vendedor de águas enchia o saco toda hora pra passar com sua caixa enorme, se incomodava a quantidade de pés e cotovelos por metro quadrado. A tal "catarse coletiva" continuou até a última música, uma cover do The Who, quando, já com os holofotes ligados, Eddie Vedder se despediu: "Be good to yourselves. Peace. Peace. Love you. Good night. Goodbye". Será que demora mais quinze anos?

Melhores momentos:

>> Gritar "It´s evolution babeeeeeeeee!" sem a mínima preocupação em ficar rouco.

>> Os versos iniciais de "Corduroy", que pareciam se encaixar muito com a situação ali: "The waiting drove me mad / You´re finally here and I´m a mess". Embora "a mess" mesmo eu tenha ficado após o show, as pernas doendo e a garganta acabada.

>> "Daughter" e os gritos de guerra puxados por Eddie Vedder, e que depois todo mundo ficava repetindo entre as músicas.

>> Quarenta mil pessoas cantando "Better Man". E ainda emendando ao final um lado B dos Ramones, "I Wanna Be Your Boyfriend". Maravilhoso.

>> O alívio de ver "Alive" ao vivo (dá um poema, não?).

>> O segundo bis, com a melhor seqüência do show: A inesperada "Last Kiss", as ultra-esperadas "Black" (numa versão gigantesca, 12 minutos, boa parte deles com "tchururu tchu tchururu" da galera), "Jeremy" e "Yellow Ledbetter", e a saideira com "Baba O´Riley", do The Who.

Melhores frases faladas por Eddie Vedder e seu português quase incompreensível:

>> "Esta é nossa última noche no Brazil. Vamos tentar fazê-la a melor."

>> "Então as escolash de samba desfilam aqui. Hodi o rock de Seattle vai desfilar."

>> "Cuiden ben uns dos outros, por favor, yes?"

>> "Vamos dar as ben-vindas ao palco para o grande Mudhoney! O sinhor Steve Turner e sinhor Mark Arm! No que o tal Mark grita pra galera: "Right now, Rio di Janerio...!"

>> "Tocamos para cento e vinte mil brassilieros e vocês foram tremendos! A próxima vez que tocarmos aqui, o mundo será melor, porque George Bush não será más presidente!". Há relatos de que muita gente começou a gritar, nessa hora: "O Lula também não! O Lula também não!

Para baixar as mp3 do Rio, entre aqui, e siga as instruções. Para todas as músicas da turnê sul-americana, aqui é melhor.

03/12/2005

It´s my aeroplane



Essa vai ser ótima pro meu currículo: finalista nacional do Campeonato Mundial de Aviões de Papel na categoria melhor acrobacia.

2005 tem sido um ano de fatos avulsos, como conhecer pessoalmente um ornitorrinco. Mas essa do campeonato de aviõezinhos superou tudo. Principalmente pelo absurdo da situação, mas também por causa do prêmio: além de duas latinhas de Red Bull e uma caixinha-troféu, vou para São Paulo em abril do ano que vem, junto com cinco outros belorizontinos, disputar a final brasileira!

Tudo começou no dia 24 de novembro, quando, na saída da faculdade, uma estudante de Relações Públicas me entregou um pop card. Marcela é seu nome, e me lembro de ter encharcado a coitada de tinta no dia do trote dela. O pop card falava do campeonato patrocinado pela Red Bull e contava que a final seria lá nas Oropa, na cidade austríaca de Salzburg. A própria Marcela, que trabalha na Red Bull, me inscreveu ali na hora pro tal campeonato.

Nos dias seguintes, descobri na internet um modelo bacana, chamado Nick Plane. Aprendi a construí-lo e treinei um pouco em casa e no estágio, planejando disputar com ele a categoria de maior tempo de vôo. E só. Para as categorias restantes, maior distância e melhor acrobacia, pouco me lixei. Alguns dias depois, recebi um e-mail dizendo que a eliminatória de Belo Horizonte seria realizada no dia 3 de dezembro, um sábado à tarde, no ginásio do Barroca Tênis Clube. Achei ótimo, não tinha nada pra fazer no dia mesmo, e o Barroca ainda ficava do lado da casa dum primo meu.

Pretendia ir hoje mais cedo pro prédio dele fazer um treinamento na quadra ou no salão de festas, mas acabou que não ia ter ninguém em casa, e acabei indo em cima da hora direto pro Barroca. No caminho ainda cruzei com o Celton, célebre vendedor ambulante de revistinhas em quadrinhos de fabricação caseira. Estava no sinal com sua tradicional plaquinha, terno amarelo estilo Máskara e, dessa vez, uma faixa amarrada na testa. Passei por ele e gritei: "Celton!!". Ele fazia uma pose mezzo super-herói, mezzo lutador de kung-fu, e gritou: "Rá!!" pra mim. Não entendi o significado daquilo, mas ri bastante sozinho.

Cheguei num ginásio quase vazio lá no Barroca. Aos poucos, as pessoas foram chegando, mas não mais que quarenta, sendo que dessas apenas metade estava de fato participando, o resto era gaiato. Meu primo e co-piloto, Bruno, apareceu logo em seguida (também como gaiato) e ficou me ajudando na confecção de alguns aviões. Colocaram nas mesinhas vários maços de papel A4, e dá-lhe gente fazendo e tacando aviãozinho pra cima, uns muito bons, outros ridículos.

Para o maior tempo no ar, fiz alguns Nick Planes. Já no quesito maior distância, nosso trunfo era o "super a jato nato", modelo que desenvolvemos ainda na infância, capaz de singrar o ar com considerável velocidade e atravessar uma quadra, se jogado direito. Enquanto isso, bebíamos Red Bulls e nos esbaldávamos com pães de queijo, coxinhas e enrolados de presunto que nos foram distribuídos. A tarde já valeria a pena somente por aquele lanchinho free.

Lá pelas tantas, começou o campeonato. Fizeram uma pista de pouso na quadra, com luzinha e tudo, e era de lá que os participantes jogavam suas aeronaves de papel. Foi aí que descobri uma coisa muito legal: só havia por ali alunos da PUC e da Uni, e se classificariam final em Sampa três alunos de cada faculdade, ou seja, seis pessoas de Beagá. Vi minhas chances aumentarem bastante quando descobri isso, porque tinha mais gente da PUC que da Uni, e muita, mas muita gente simplesmente não foi: dos 72 universitários inscritos, só uns vinte deram as caras.

A primeira categoria foi maior distância. Logo de cara, um aluno da PUC fez um vôo de 22 metros, sorte que eu não concorria diretamente com ele. Seguiram-se muitos vôos na média (nove, dez metros), e alguns absurdamente horríveis (dois metros, por exemplo). Nesses casos, um sonoplasta engraçadinho punha aquela famosa vinhetinha de fracasso: "féum, féum, féum...". A tal Marcela que me inscreveu ia anunciando os competidores e narrando os arremessos.

Quando chegou a minha vez, lancei os dois super a jato natos que o Bruno tinha feito, mas os resultados não foram tão bons quanto a gente esperava. Tínhamos testado-os tanto que já estavam meio amassados, e sua performance ficou prejudicada. O primeiro voou 9,45 metros e o segundo percorreu 12 e uns quebrados. Era permitido duas tentativas, e a melhor era a que contava. O aluno da Uni que ganhou (um cara chamado Marco Aurélio, com quem eu tinha conversado mais cedo) fez 13 metros e um tiquim. Ou seja, perdi por um metro.

A segunda categoria foi a de maior tempo de vôo. Fui bem: a maioria voava 2 ou 3 segundos, mas o meu Nick Plane ficou 4 segundos e 40 centésimos no ar. Dessa vez perdi por menos ainda: o vencedor voou durante 4 segundos e 64 centésimos. Em minha segunda tentativa, taquei não um Nick Plane, mas um modelo semelhante que conhecia já há alguns anos, mas fui bem pior, chegando a ganhar um "féum féum féum" do sonoplasta.

Veio então a terceira categoria, a mais menosprezada da tarde. Tinham todos trabalhado com afinco pensando em voar muito ou voar longe, mas não nas piruetas da categoria de melhor acrobacia. Eu mesmo fiz um aviãozinho ali na hora: lembrei de um antigo modelo que vi num livro que meu pai me deu e tentei fazer parecido. Nem cheguei perto, e consegui um avião bizarro, mas que pelo menos era um avião. Os outros competidores tinham confeccionado modelos totalmente esdrúxulos, que só rodavam loucamente em torno de si mesmo, ou que nem chegavam propriamente a voar. Lancei meu avião improvisado pra cima, que não fez nada de muito especial: um looping aqui, uma guinada de 180 graus ali, uma plainada e pronto. Em vista dos concorrentes, no entanto, arranquei algumas palmas e fiquei, aí sim, na expectativa.

A angústia não durou muito, já que o anúncio dos vencedores foi logo em seguida. Puseram uns latões da Red Bull pra servir de pódio e falaram primeiro o nome dos três ganhadores da PUC. Algumas fotos e sorrisos depois, anunciaram os da Uni-BH. Marco Aurélio, o cara dos 13 metros, ganhou na maior distância. Para o maior tempo de vôo, venceu Fabrício, o dos 4 segundos e 64 centésimos. Finalmente, a Marcela diz no microfone: "Na categoria melhor acrobacia... Lucas Paio!"

Taí a foto aí em cima que não me deixa mentir. Vai ser um bom final de semana: campeão de aviãozinho num dia, show do Pearl Jam no outro.

E que venha a Áustria.

01/12/2005

Próxima edição

O apartamento ficou pequeno pro tanto de tralhas que veio da casa do meu pai. Minha coleção de revistas em quadrinhos, encaixotada já há algum tempo, entrou na dança e foi obrigada a ser desmembrada, coitada. A maior parte delas eu tinha juntado entre 1997 e 2000, e doei pra uma colega minha cuja família é toda comics-addict. Mantive apenas o filé da coleção: Batman: o Cavaleiro das Trevas, Watchmen, V de Vingança, obras que ultrapassam a bobajada maniqueísta que permeia boa parte dos quadrinhos americanos, e que tão cedo não penso em passar pra frente. O bom foi que, com a necessidade de reabrir as caixas empoeiradas com as revistas, me voltou a vontade de reler várias daquelas histórias. 2005 marcou, portanto, minha volta ao mundo dos quadrinhos. Mas não que eu tenha retornado completamente: afinal, das HQs realmente inéditas que li durante este ano, a grande maioria eu peguei emprestado.

Um top 5 sem posições:



Sin City - A Dama Fatal

Fosse um tempo atrás eu precisaria explicar que não, não se trata de uma versão quadrinística do clássico joguinho de computador. O status e a fama das histórias de Frank Miller aumentou bastante depois do lançamento do filme, Sin City - a Cidade do Pecado, a mais fiel adaptação de HQ de todos os tempos, e um dos melhores filmes do ano. Esse A Dama Fatal tem como personagem principal o detetive Dwight (que também protagoniza uma das histórias do filme), que se vê às voltas com uma ex-namorada. Será a história-base para o próximo Sin City a ser lançado nos cinemas. Aguardamos ansiosamente.



Superman - Entre a Foice e o Martelo

Uma premissa interessantíssima: o que aconteceria se a nave do Super-Homem não tivesse caído numa cidadezinha estadunidense, mas num vilarejo na União Soviética? Em três edições, passamos por um Clark Kent comunista, um Batman revolucionário, um Super-Homem que sucede Stálin e um Lex Luthor fodaço, mais inteligente que nunca. Além do final mais surpreendente que vi numa HQ em muito tempo.



1602

Outra que tem um cunho histórico: como seria se os heróis da Marvel vivessem na Europa pós-medieval? A trama se passa, como se poderia imaginar, no ano de 1602. Capitão América é um indiozão do Novo Mundo. Magneto é um inquisidor. Demolidor é um trovador cego, e por aí vai. É muito divertido ficar caçando quem é quem na história - e na História, já que alguns notórios reis e rainhas também dão as caras (e as coroas).



Asilo Arkham

Uma espécie de "Alice no País das Maravilhas" malucão. Os criminosos do Asilo Arkham tomam conta do manicômio e exigem a presença do Batman ("O Bátima!!!!") no local pra soltar a galera. Diálogos ora engraçadíssimos, ora perturbadores, totalmente insanos. Sem falar nos vilões do Batman, que sempre roubam a cena.



MAUS

Meu novo xodó da coleção. Fiquei esperando anos pra comprar, simplesmente porque a edição em português estava esgotada no mercado. Parece um livro, são quase 300 páginas de narrativa bem bolada, metalinguagens adequadas e um relato fiel da Polônia durante a Segunda Guerra e os campos de concentração, especialmente Auschwitz, onde esteve o pai do autor. Art Spiegelman, roteirista e desenhista, retrata os judeus como ratos, os alemães como gatos, os americanos como cães, tornando tudo ainda mais interessante. Não é à toa que essa foi a única história em quadrinhos a ganhar um Pulitzer.

Se você se interessou por alguma dessas revistas, faça como eu: peça pro Silveira!

29/11/2005

Formigoogle



Um dia, contaremos aos nossos netos como começou. Eles rirão da nossa cara e espalharão aos amiguinhos da escola o que disseram seus avós gagás: que, nos primórdios, tudo era apenas um simples site de busca. Simples mesmo: uma janelinha pra você escrever o que quer, um botãozinho de "search" e o logotipo lá em cima, inocente, sem aparentar a mínima pretensão de dominação mundial: Google.

Cinco anos depois, todos já conhecem os evidentes sinais dessa conquista iminente. Um site de busca que, em poucos meses, desbancou potências internéticas como o Cadê e o Altavista. Que tem uma popularidade tão grande que acabou gerando o provérbio: "Se não tem no Google, não existe". Donos do Orkut, que tem acesso a informações personalíssimas sobre milhões de pessoas. Donos do Gmail, que armazena (e investiga?) informações mais personalíssimas ainda sobre milhões de pessoas. Donos do Google Earth, o famoso olho que tudo vê (de onde é isso, hein?). E isso é o só que vêm a público.

Digo isso porque, segundo consta, o próximo ataque googliano é no mundo da biologia. A notícia beira o absurdo: um cientista decidiu batizar uma formiga de Proceratium google em homenagem ao site, depois de ter ficado "impressionado" com a ajuda que recebeu dos funcionários do Google Earth. Ahãn. E por quanto molharam a mão dele pra fazer isso?

Pensa bem. Um nome de batismo de um bicho é algo que fica pra sempre nos anais da ciência. Uma coisa é chamar uma macaca de Lucy por causa dos Bítous. Outra coisa é eternizar uma marca numa coitada de uma formiguinha. Hmm... coitado? Não sabemos. Se qualquer dia desses começar em Madagascar uma praga avassaladora de formigas, já sabemos quem está por trás de tudo.

Las hay



A sessão era domingo às 9 da noite, e ainda assim tivemos que chegar à fila com uma hora de antecedência e esperar a boa vontade do pessoal do Pátio em abrir a sala pra gente. Uma fauna comum para uma sessão noturna dominical, mas estranhamente maior de idade para um filme sobre um menino bruxo de 14 anos de idade. Ao meu lado, um casal lia A Cizânia, um dos melhores álbuns do Asterix. Um tanto contrastante com o público da primeira vez que fui ver um Harry Potter no cinema. Foi em novembro de 2001, quando estreou Harry Potter e a Pedra Filosofal. Na época eu tinha acabado de ler o livro, e achei o filme um trailer grande, que tentava dar ênfase às cenas de ação ou de magia sem se aprofundar em nada nos personagens. Até hoje não revi pra tentar tirar a má impressão. Na ocasião, o cinema estava lotado como esteve ontem, mas majoritariamente por criancinhas felizes acompanhadas de seus papais. O primeiro menino da fila usava uma capa preta como a do Harry. Desde então, tenho assistido a todos os filmes da série no cinema. Quando estávamos no terceiro ano, por exemplo, matamos aula e escapamos da escola para ver Harry Potter e a Câmara Secreta no BH Shopping. Quanta subversão.

Também não perdi um livro, desde que peguei o primeiro emprestado com minha prima. Os dois primeiros são, sim, bem destinados ao público infantil, com seus unicórnios e varinhas mágicas e filhotes de dragões e cachorros de vinte cabeças, mas a partir do terceiro volume, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (cujo título supostamente deu origem ao nome dessa banda), as tramas começam a ficar mais intrincadas e complexas. Algo como um Código da Vinci com retratos falantes no lugar da Mona Lisa. E, afinal, não é qualquer criança que se aventura a ler um calhamaço de 500 páginas.

Harry Potter e o Cálice de Fogo, a película, foi o episódio que mais me agradou até agora. É a melhor adaptação: competente e objetiva, lima muita gordura inútil (e essa história só perde em gordura inútil para o quinto episódio). Como filme em si, no entanto, nenhum Harry Potter se sustenta sozinho. Não como outros exemplos recentes, sendo a Trilogia do Anel a primeira e mais óbvia lembrança. Quem não leu os livros sai do cinema cheio de dúvidas sobre os detalhezinhos que o roteirista e o diretor preferiram passar batido, para dar mais destaque às seqüências de ação (muito boas, aliás) ou ao Baile de Inverno da escola (que por increça que parível, é muito boa também). Principalmente numa história como essa, repleta de revelações finais talvez não tão bombásticas quanto as do Shayamalan, porém mais complexas. No terceiro filme, fiquei especialmente frustrado com a tal cena das revelações, às quais o livro dedicava capítulos e capítulos, e que no filme vimos apenas uma pincelada. Não sei se é porque já faz quatro anos desde que li Cálice de Fogo, então só lembrava do essencial da história, e é o essencial que está ali nas telas, mas curti esse quarto episódio um pouco mais que os anteriores.

Top 4 Harry Potter 4:

>> Hermione. (Ei, ela já tem uns 15 anos!)
>> Mad-Eye Moody e seu olho que tudo vê.
>> As francesinhas de Beauxbatons, embora não tenhamos visto debaixo do braço delas.
>> Voldemort. Seguindo a tradição de Coringa e Darth Vader, o vilão do filme é mil vezes mais legal que o herói.

Bottom 4 Harry Potter 4:

>> Daniel Radcliffe (o personagem-título), cada vez atuando pior.
>> A quase insignificante participação de Sirius Black.
>> A falta de um jogo em si da Copa do Mundo de Quadribol.
>> O final "otimista até demais". Será que todo filme vai ser sempre assim?

27/11/2005

Chicken Little



Pensa pelo lado bom, galera: depois de Campeão do Gelo e Campeão da Copa Centenário, vocês vão poder conquistar mais um título que o Cruzeiro não tem!

26/11/2005

Aqui jazz



A Rádio Biselho hoje traz um especial jazz pra gente relembrar os good and old times em que não éramos nem nascidos. Cantores da Era de Ouro dividem o espaço com trilhas de cinema e covers insólitos. Algumas foram tiradas duns discos do meu avô que peguei emprestado outro dia (Nat King Cole, Ray Charles, Sammy Davis Jr, Louis Armstrong, Billie Holiday, Aretha Franklin). Outras tirei duma coleção de cds que comprei em Mackay chamada Summer Jazz (Peggy Lee, Ella Fitzgerald, Quincy Jones, Tony Bennett). As peças mais avulsas dessa coleção ficam por conta das trilhas de filmes - duas de Chicago, uma cantada por Renné Zellweger (quem pronunciar corretamente o nome dela ganha um brinde) e a outra composta por Danny Elfman, o cara que fez a musiquinha dos Simpsons e a trilha de Edward Mãos-de-Tesoura, e o incrível tema de Os Incríveis - e os tais covers inusitados, um dos Beatles (tocado por uma banda cujo nome desconheço) e um de Ozzy Osbourne (!!). Caso não consiga ler as letrinhas miúdas ali do lado, segue aqui a lista das canções:

01) Nat King Cole - Straighten Up And Fly Right
02) Peggy Lee - Let There Be Love
03) Ella Fitzgerald - It´s Only A Paper Moon
04) Quincy Jones - Take Five
05) Ray Charles - Georgia On My Mind
06) Sammy Davis Jr - Please Don´t Talk About Me When I´m Gone
07) Louis Armstrong - It´s Been A Long, Long Time
08) Tony Bennett - Jeepers Creepers
09) Renné Zellweger - Roxie
10) Danny Elfman - Roxie´s Suite
11) Billie Holiday - Blue Moon
12) Aretha Franklin - Don´t Cry, Baby
13) Michael Giacchino - The Incredits
14) Beatles Jazz Cover - When I´m 64
15) Pat Boone - Crazy Train

It´s the end of Liberty Square as we know it



Outro dia sonhei que um meteoro ia cair em Beagá. Pisei pra fora de casa e logo vi aquela pedrona vindo em nossa direção, assim meio parada no ar. Lembro que fiquei puto, porque se fosse nos Estados Unidos o pessoal ia correr pra usar raios laser e o escambau, mas em Beagá ninguém ligava. Nem os noticiários falavam nada do desastre iminente. Corri para o computador e dei os últimos adeuses (adeuses?) pro pessoal, antes de desligá-lo adequadamente e me preparar para o impacto.

O que poucos sabem, porque o governo tenta esconder, é que não faz muito tempo que caiu uns dois meteoros em Belo Horizonte. Na Praça da Liberdade, mais precisamente. Felizmente, temos registros visuais incontestáveis do ocorrido, e se você tiver a virtude da paciência e conseguir aguardar o download dos 13 mega, não deixe ver. Só lembre de se preparar psicologicamente antes. O link é esse.

24/11/2005

Paperback Flighter



Hoje me inscrevi no Campeonato Mundial de Aviões de Papel.

É sério. O campeonato está sendo organizado pela Red Bull e a grande final é na Áustria, em maio de 2006. Pelo visto, a Red Bull anda levando bem ao pé da letra seu slogan, "Red Bull te dá asas". Já pensou se a moda pega? Será que veríamos um concurso de receitas, pra reunir num livro as 1000 maneiras de preparar Neston?

São três categorias. Maior distância percorrida, maior tempo de vôo e melhor acrobacia. Essa última é artística, tem até júri dando sua nota, estilo saltos ornamentais. As outras duas exigem técnica apurada e habilidade manual. As folhas A4 são entregues na hora e você confecciona, ali mesmo, seu aviãozinho campeão. As provas são realizadas num galpão fechado, sem vento, e nada de tacar o troço pela janela do décimo nono andar: tem que arremessar do chão, mesmo.

Sempre fui fã de aviões de papel. Em Juiz de Fora, uma vez, fizemos aviões enormes, com folhas inteiras de jornal. Um deles quase entrou pela porta de um ônibus. Noutra ocasião, comprei um caderno que tinha, na capa, umas instruções de montagem de aviõezinhos. Eu e meu primo fizemos um monte e passamos horas na rua cronometrando o tempo de permanência deles no ar. O recorde daquele dia foi meu: seis segundos e sessenta e dois centésimos.

Vou precisar de uma engenharia papélica muito mais avançada se quiser ser classificado em Beagá, depois em São Paulo, depois na Áustria. Na verdade, é claro que entrei nessa de zoeira mesmo, mas é bom treinar, quem sabe? No site do campeonato tem alguns links com técnicas avançadíssimas de construção de aviões de papel, é só clicar na bandeirinha do Brasil no menu da direita. Tem gente do planeta todo participando, até do Chipre (onde fica o Chipre?), até de Trinidad e Tobago. Nem sabia que os aviões de papel já tinham chegado em Trinidad e Tobago.

Nos tempos em que fazia joguinhos toscos de computador, comecei a planejar um Paper Airplane Flight Simulator, mas não foi pra frente. Não é que hoje, nessa de descobrir novos aviõezinhos, encontrei um programinha com exatamente esse mesmo nome? Entre aqui, ajuste o ângulo, a força de lançamento e a posição das asas, e comece a desenvolver, ao menos na teoria, suas habilidades nesse divertido "esporte". Como diz o clichê, dê asas à sua imaginação.

Sweet home Alabama



Considerações importantes sobre Manderlay, a continuação de Dogville:

1) Nicole Kidman deu o fora, e agora quem faz o papel da Grace é a ceguinha de A Vila. No começo demora um pouco pra ligar o rosto novo à personagem antiga. No final você não lembra mais que é a Nicole.

2) William Dafoe só faz papel de vilão. Danny Glover é sempre coadjuvante. Pelo menos aqui o ex-parceiro-do-Mel-Gibson-em-Máquina-Mortífera está melhor que em Jogos Mortais, quando "interpretou" um detetive muito do boboca.

3) Se você não viu Dogville, pode ver Manderlay que dá pra entender tranqüilo. Só que aí vai estragar a supresa no final quando você for assistir ao primeiro filme.

4) Agora, se você viu Dogville e "achou chato", passe longe.

5) O próximo e último filme da trilogia se chamará Wasington, o que nos leva a pensar: o que Lars Von Trier tem contra o H?

6) Tá passando o trailer de King Kong antes. Será que vai ter trilha do Gorillaz?

7) O Ponteio é um shopping peculiaríssimo: possui duas escadas rolantes, uma pra subir e outra pra descer - não lado ao lado como seria lógico, mas em lados opostos. E tem mais! A ordem (essa sobe, essa desce) varia de acordo com o dia da semana! É, talvez, a melhor estratégia já inventada pra fazer você andar pelo shopping.

8) Se a vida real fosse como Dogville e Manderlay e não tivesse cenário, seria muito mais fácil achar o carro no estacionamento.

22/11/2005

Simples assim



A notícia do ano!

Polícia apreende produtos pirateados no Shopping Oiapoque!

É sério! Segundo o Estado de Minas, a operação foi planejada há seis meses, até que nesta terça-feira, pela manhã, policiais civis e militares fecharam as seis portas do shopping e apreenderam milhares de CDs, DVDs e jogos de computador. Todos pirateados!

É importante aplaudir a inteligência da polícia mineira, que passou seis meses investigando, planejando, até chegar à conclusão de que, contra todas as evidências, há sim produtos falsificados no Shopping Oi. Pensa bem: produtos piratas num troço feito pela própria prefeitura!

Estou pasmo. Então quer dizer que todos aqueles disquinhos que comprei por 2,50 eram falsos??! Nossa, mas a capinha colorida parecia tão convincente!

Será que vão me prender também?

Contos da Krypton



Tenho até hoje aqui em casa a trilha sonora de Superman, o Filme. Em vinil. Raridade absoluta. Só o encarte, que trazia um punhado de fotos do longa-metragem, não está mais entre nós: foi comido por meu cachorro num acesso de fúria. Mas é a trilha de John Williams que interessa aqui, fantástica como sempre. John Williams é o cara. Compôs os temas de Star Wars, Indiana Jones, Tubarão, Esqueceram de Mim, Forrest Gump, E.T. e Jurassic Park. As músicas dele para o Super-Homem não ficam abaixo, tanto o conhecidíssimo tema principal quanto pérolas como "The Planet Krypton". E talvez seja este o motivo do teaser trailer do novo e ainda inédito filme do azulão, Superman Returns, ser bacana assim.

Em dezembro de 1991 eu estava em Cabo Frio, quando passou na tevê Superman IV - Em Busca da Paz. É tão ruim que nem entrou na caixa oficial dos devedês do Super-Homem, lançada recentemente. Mas, que eu me lembre, foi o primeiro longa do capa vermelha que eu vi, e gostei muito - afinal de contas, com seis anos de idade a gente não liga pra essas coisas de qualidade. De lá pra cá, assisti aos filmes com Christopher Reeve umas trocentas vezes, embora na ordem trocada: o primeiro, onde o Super roda a Terra ao contrário pra voltar no tempo (!!!), foi o último que vi, numa Sessão da Tarde da vida. E como o quarto episódio foi lançado em 1987, época em que nem Xou da Xuxa eu via direito, torna-se óbvia a afirmação de que nunca assisti a um filme do Super-Homem nos cinemas, o que me anima um pouco mais a ver esse Superman Returns ano que vem. Além do mais, a direção é do Bryan Singer, que fez os X-Men e Os Suspeitos.

Não que um diretor competente seja garantia de nada. O videozinho do teaser tem uns minutinhos, não mostra muito, só um vôozinho daqui pra lá, uma caixa de correios escrito "Kent", a fachada do Planeta Diário e uma visão do azulão (interpretado pelo ainda zé-ninguém Brandon Routh) sobrevoando a Terra. O legal mesmo são justamente os elementos dos filmes originais: a supracitada trilha sonora e a narração de Marlon Brando. Epa!, você dirá, É isso mesmo!, responderei. Brando subiu no telhado faz já um tempo, mas os espertos produtores aproveitaram que ele tinha gravado uma ponta em Superman II e usaram as cenas neste filme novo. É que na época, ele exigia participação nos lucros do filme. Agora que morreu, não tem como reclamar. Quem mandou ser ganancioso?

Para assistir o teaser:
http://supermanreturns.warnerbros.com/trailer.html

20/11/2005

Micro-contos cúbicos



Seis desconhecidos acordam dentro de um cubo. São eles: um astronauta, um analista de sistemas, três indígenas que logo fazem uma dancinha em louvor ao teto, e um jovem de vinte e poucos anos em que é evidente o alívio de finalmente, após dias de tédio, ter assunto para escrever em seu blog.

***

Seis amigos jogam War quando subitamente se vêem dentro de um dado de defesa. Um deles observa: "Pelo menos temos a vantagem do empate", e todos concordam, os ânimos revigorados para a batalha.

***

Três coelhos e três coelhas acordam dentro de um cubo. Cinco dias depois um coelhinho, equilibrado sobre pilhas de seus antepassados, consegue abrir a portinhola no teto e escapa.

***

Doze desconhecidos acordam dentro de um cubo. Quatro meses depois, só a dona de casa ainda sobrevive, à custa da carne dos companheiros mortos, esperando que um dia ouça a voz do Bial informando que ela ganhou um milhão de reais.

***

(Ainda sob os efeitos de ter assistido a Cubo e Cubo 2 num mesmo fim-de-semana.)

Cubismo



Um gênero cinematográfico que me atrai bastante é o tal do filme claustrofóbico. Películas que se passam toda num cenário só, geralmente calcadas nos diálogos, nas interpretações e nas relações que se desenvolvem entre os personagens.

Foi pensando nisso que aluguei, esse final de semana, um "clássico" do qual só tinha ouvido falar: Cubo. Clássico é brincadeira, claro. É um suspense recente, que no Brasil nem passou pelos cinemas, e que ganhou um peculiar status de cult nos últimos tempos. A premissa é tão simples quanto bizarra: vários desconhecidos acordam presos dentro de um cubo. Entre eles encontram-se uma estudante, um policial, uma médica, um autista e um famoso ladrão. Todas as salas do cubo, também cúbicas, têm portas em cada um dos lados, que levam a outras salas cúbicas e assim por diante, até a loucura. O filme é canadense, talvez por isso tenha um pé no cinema europeu (no que se refere às relações entre os personagens, no instinto de sobrevivência e da filosofia que se pode tirar disso), mas também uma forte influência roliudiana: em dado momento, por exemplo, um dos protagonistas enlouquece e a tensão passa a ser quem sobreviverá à sua fúria insana.

O mais engraçado é que o DVD de Cubo vem como extra no DVD de sua seqüela, Cubo 2: Hipercubo. Como toda continuação, ela tem mais efeitos especiais, mais viagens, atores mais ruins e roteiro mais caótico. Dessa vez o cubo tem realidades paralelas, salas com velocidades de tempo diferentes e armadilhas que lembram menos Indiana Jones, como no primeiro, e mais O Predador. Existe ainda uma terceira parte da "história", chamada Cubo Zero. Não, obrigado, chega de cubismo por hoje. Mas aceito outro filme claustrofóbico, se tiver aí no cardápio. Alguns exemplares:

Doze Homens e Uma Sentença. (Uma sentença mesmo, não outro segredo). Meu preferido. Traz Jack Lemmon (um dos velhos rabugentos) e mais onze jurados tendo que decidir entre a culpa e a inocência de um jovem acusado de assassinato. O filme se passa inteiramente na salinha que o júri se reúne para deliberar, quase que em tempo real. É, na verdade, a refilmagem de um clássico dos anos 50, que, como quase todo clássico dos anos 50, é muito difícil de se achar nas locadoras. Portanto, conheço apenas a versão de 1997, lançada direto pra tevê, mas brilhante mesmo assim.

Festim Diabólico. Clássico hitchcockiano que se passa todo dentro de um apartamento. Na verdade, Janela Indiscreta também se passa todo dentro de um apartamento, mas como tem vários takes do exterior, ainda que pela janela, acaba sendo menos claustrofóbico que este Festim. O filme se passa em tempo real: tem um corte a cada dez minutos, que era a duração do rolo de filme na época. Conta a história de dois sujeitos que matam um colega e fazem uma festa logo em seguida, montando o bifê, inclusive, em cima do caixão onde jaz o garoto.

Jogos Mortais. Esse é meio claustrofóbico. Meio porque a história principal se passa num banheiro, com dois caras algemados tentando entender o que estão fazendo ali. Mas a trama é também recheada de bifurcações e histórias paralelas, algumas das quais acabam estragando a tensão e o filme (Danny Glover nunca esteve tão bocó). Ainda não vi o dois, que parece ser igualmente centrado num ambiente fechado. A sinopse do jornal Pampulha é bastante convidativa: "O quebra-cabeças continua num jogo, no qual um grupo de pessoas está trancado em um cativeiro. Elas são obrigadas a matar o seu próximo, um a um, enquanto um detetive, ao lado de um mórbido serial killer, tenta descobrir onde elas se encontram. Se mesmo com essa história você ainda acha que compensa assistir ao filme..."

O Quarto do Pânico. Jodie Foster trancada num bunker doméstico com a filha, enquanto ladrões assaltam sua casa (que falta faz Kevin McCallister numa hora dessas...) Passou outro dia na Tela Quente, mas fiquei com sono no meio e preferi tirar uma soneca. Mas minha mãe me mantinha atualizado: "Agora um bandido matou o outro...", "Agora ela saiu do quarto e pegou a seringa dentro da geladeira..."

Destaco ainda:

>> A cena de Kill Bill Volume 2 onde a Noiva é enterrada viva. Na verdade, etimologicamente falando, essa é a única cena realmente claustrofóbica de toda essa lista.

>> O controverso Mar Aberto. Etimologicamente falando, não é nada claustrofóbico, pois se passa, o próprio nome já diz, em mar aberto. Mas é justamente a imensidão do mar e a solidão do casal de protagonistas que nos passa essa sensação.

>> Um episódio de Friends, da primeira temporada, onde Chandler fica preso com uma garota no banco, quando um blecaute assola Nova York. Entre outras coisas, ela tenta ensiná-lo a fazer bola de chiclete. Um dia eu também gostaria de aprender.

18/11/2005

Still haven´t found what I´m looking for



Descobri um troço tão viciante quanto ficar caçando localidades no Google Earth. É um misto de "Onde Está Wally" com "Qual É A Música" e envolve conhecimentos lingüísticos, musicais e gerais. Por incrível que pareça, não se trata de um quiz ou um joguim de computador, mas de um anúncio publicitário.

O anúncio é da gravadora Virgin e chama-se "Exercise your music muscle". À primeira vista, é apenas uma cidade muito surreal, com pessoas muito surreais e objetos mais surreais ainda. Mas aí você vê umas pedras rolando, um zepelim de chumbo, uma abóbora esmagada, e descobre que aquelas imagens bizarras têm, sim, seu sentido: representam artistas e bandas famosos. Sozinho consegui achar 27, fora os que me falaram depois, o que deve dar mais de sessenta. Entre você no site da Virgin ou clique na figura aí em cima pra ver a imagem em toda sua plenitude.

Pequena mostra (quem acertar as três primeiro ganha um brinde):

Nível fácil:



Nível intermediário:



Nível mais ou menos difícil:

Brigadú



Legal de se ter banda é passar o carro na frente dos bois. Compor as músicas antes mesmo de aprender a tocá-las. Ou entrar como baterista sem saber diferenciar chimbal de caixa. Ou escrever os agradecimentos do disco antes de se ter canções para integrar o dito cujo. Foi o que fizemos em 1996, na pré-histórica formação da nossa banda, que na época tinha como integrantes eu e meus primos Bruno e Paula.

Pura influência dos Mamonas. Mesmo tendo já se espatifado na Serra da Cantareira, ainda estavam em evidência na época, e eram eles que serviam de modelo pra qualquer pseudo-banda de cunho engraçadinho que surgisse. A parte dos agradecimentos esdrúxulos do disco dos Mamonas tornou-se clássica, como trechos como "Ao Charles Miller (por ter trazido o futebol pro Brasil); ao Chaves e Chapolin; ao Ultraman (que matou aquele monstro horrível); à tia da escola que dava canjica na hora do recreio".

Um dia estávamos de bobeira lá em casa e começamos a pensar em qual seria o nome da nossa banda. Fizemos uma lista de sugestões estapafúrdias e depois fomos eliminando uma a uma, até restarem três finalistas:

- Banda Bunda
- Mofofô Budocô
- Trips Corrida

Para resolver o impasse, realizamos uma votação pelo telefone com alguns de nossos familiares. Venceu o "Trips Corrida". O nome perdurou: até uma fita que Bruno e eu gravamos em 1999, ao vivo na casa dele, veio com "Trips Corrida" estampado na capinha.

Nome decidido, naquela mesma tarde decidimos escrever os agradecimentos do disco - muito embora não houvesse ninguém a quem ficar realmente grato, já que o disco em si só existia na nossa imaginação. Pegamos um rolo de papel, daqueles de escrever recado de telefone, e desandamos a agradecer o pessoal. Começamos por nossos pais, avós, familiares e animais de estimação.

Daí em diante, agradecíamos a tudo e todos que vinham à lembrança: atores, atrizes, jogadores de futebol, bandas, cantores de MPB, cantores da Jovem Guarda, apresentadores de TV, super-herói, personagens da Turma da Mônica, marcas de cerveja, novelas, pilotos de fórmula 1, canais de televisão, video-games, times de futebol, shoppings, atletas que ganharam medalha nas Olimpíadas de Atlanta. Claro que agradecimentos mais pessoas também marcavam presença, como nossos professores, nossos colegas e os moradores do Edifício Everest. Em alguns adicionávamos umas gracinhas, como inserir os Trapalhões no grupo dos jogadores de futebol e incluir Bruno Mezenga e Geremias Berdinazzi nos agradecimentos aos atores.

O rolinho de papel continua guardado comigo até hoje. Está rasgado numa das pontas e manchado com algum produto de limpeza numa determinada área, mas no geral ficou bem conservado durante esses anos todos. Nove, exatamente. Sim, porque, segundo dois trechos específicos do manuscrito, somos informados da data em que aquilo foi escrito: 17 de novembro de 1996. São eles:

"Agradecemos ao Ruy e a Marilu, por deixarem Bruno e Paula na casa do Lucas no dia 17-11-96, para fazer os agradecimentos."

"Agradecemos à seleção de futebol de areia, por ganhar a Copa América, vencendo os EUA por 7 a 4, dia 17-11-96"

Outros trechos de igual valor histórico:

"Agradecemos aos Beatles, Mamonas Assassinas, Baba Cósmica, Pânico, Pato Fu, Raimundos, Kiss, Carrapicho, Companhia do Pagode, Paralamas do Sucesso, Michael Jackson, Skank, Gera Samba e Tiririca."

Essas eram praticamente todas as bandas que a gente conhecia. Pânico, diga-se, é o mesmo grupo que hoje faz grana na televisão. Na época, rolava muito o disco deles, que tinha pérolas como "Macacaralho" e "Quero Te Fu". E alguém lembra do Carrapicho? "Bate forte o tambor..."

"Agradecemos às pessoas que votaram no nome da nossa banda, Vovó Lulu, Bruno, Paula, Lucas, Scheila, André, Dindinha Zalfa, Frederico, Tio Lauro, Marilu, Ruy"

Aqui descobrimos que foram necessários 11 votos para escolher "Trips Corrida". Detalhe: Bruno, Paula e Lucas estão inclusos na lista, ou seja, agradecemos a nós mesmos.

"Agradecemos às bandas Banda Dal, Banda Bunda, BBB, DDD, The Pig Boys, Bicicleta Ergométrica, Aspirina C, Esparadrapo, Papel Giênico, Os E.T.s, Banda Cemitério, Intestino Grosso, Cubanos, Smof Pof, IBI, Sasqüet e Bunda Mole, que nunca saíram do papel."

Pode-se adivinhar que são esses os outros dezessete nomes estapafúrdios surgidos no brainstorm inicial. Se fosse hoje, acho que escolheria "Smof Pof", pela sonoridade.

"Agradecemos ao Windows 3.1, 3.0, 3.11 e Windows 95. Ao 386, 486, 586 e Pentium IBM."

Não ria, era o que de melhor havia na tecnologia da época. Embora soe esquisito agradecer alguma coisa feita pelo Bill Gates.

"Agradecemos ao pessoal do Aranha, Clarice, Alice, Moacir, Mana, Dalila, Júlia, Nícias, Luzia, Tiribinha, Jhonatas, Arnaldo, Neguinha, Daniele, Lenimar, Danilo, Diva e Fabiane (que me ensinou a jogar truco)."

O mais bizarro é que, passados nove anos, eu ainda não sei jogar truco! Mas, pelo que minha contraparte de 11 anos de idade escreveu, um dia eu soube. Com a idade, a gente esquece as coisas.

Na outra ponta do imenso rolo, o término de toda aquela baboseira: "E agradecemos às pessoas que tiveram a paciência de ler ou ouvir estes agradecimentos." Reitero aqui minhas próprias palavras e me despeço. Dia 17 de novembro de 2014, se o mundo ainda não tiver acabado, escrevo um texto homenageando esse post. Até lá e obrigado.

17/11/2005

Still alive



Dez minutos defronte a tevê, enquanto degustava um pastel da Galeria do Ouvidor, bastaram para que eu pudesse dar meu veredicto quanto à novíssima novela das oito: tosquíssima.

A Globo é o melhor canal da televisão porque consegue se superar a cada folhetim: quando a gente acha que não dá pra vir nada pior que Senhora do Destino, vem América, e logo depois esta Belíssima. Atores tremendamente ruins (principalmente os novatos), interpretações amadoras, tramas simplórias, sotaques forçadíssimos (Tony Ramos grego? Reinaldo Janequíne mecânico?) e a manjadíssima "Você É Linda" para o tema de abertura. A criatividade global para escolher os temas de aberturas é soberba: "Como Uma Onda", do Lulu Santos, para a novela Como Uma Onda. "Soy Loco Por Ti America" para America (detalhe: Ministro Gil escreveu a canção como uma homenagem à América Latina, e neguinho bota ela como se fosse pros EUA). Saudades de "Animal arisco... domesticado, esquece o risco" e "Sou desse chão, onde o rei é peão..."

Mas um crédito merece ser dado a Belíssima, que foi o de ter ressuscitado o Jamanta. Jamanta é um dos personagens mais clássicos do telenovelismo brasileiro. Quando você pensa em Torre de Babel, qual o personagem vem à mente? Jamanta, claro. Sandrinha só ficou famosa porque explodiu o shopping. Quando me disseram que o Jamanta tava na novela, fiquei surpreso porque não lembro de ter visto o ator que fazia ele em nenhum outro lugar. Mas até aquele momento tinha achado que só o ator estava no elenco. Só ontem meu primo veio me dizer que o próprio personagem, o lendário ícone do cenário underground novelístico, tinha voltado. Num mar de gente sem talento e histórias sem pompa, é o Jamanta que vai segurar as pontas de Belíssima até o último capítulo. Isso, claro, se Silvio de Abreu não fizer como faz sempre e matar um fulano qualquer pro público ficar na agonia do mistério até os derradeiros momentos. Só espero que não culpem o Jamanta.

Observação final: Silvio de Abreu me plagiou. Provas concretas no último parágrafo deste post, de março de 2005. E um viva à presunção.

16/11/2005

Sorte e azar



O Pato Fu plagiou a gente.

A afirmação pode parecer um tanto presunçosa e paranóica - e na verdade é mesmo -, mas não é injustificada. Vamos fingir que não aconteceu nada e tratar tudo na base da mera coincidência. Antes, porém, alguns patos, digo, fatos.

Março de 2004. Minha banda, ex-ABWNN, atual ABUNN, futura [deixe sua sugestão], gravou um cd demo batizado de 77 coisas. Ele juntou-se a uma demografia que já tinha o Y, de 2002. Reunidos, os dois disquinhos traziam dezessete canções, das quais selecionamos cinco para um cd de divulgação. Entre essas cinco estava uma chamada apenas de "?".

Abril de 2004. Num show no então Marista Hall, Adriano e Rafael (baterista e guitarrista da banda) conseguiram esticar o braço o suficiente para entregar a um roadie do supracitado Pato Fu um desses cds de divulgação. "Entrega pro John", pediram, na esperança, talvez, de que alguma divulgação realmente saísse dali. Semanas mais tarde, em outra oportunidade, os mesmos dois encontraram o baterista do Pato Fu, Xande, numa galeria na Savassi, e aproveitaram para deixar com ele mais um cd daqueles.

Meses mais tarde, encontramos o Xande novamente e perguntamos se ele tinha ouvido o cd. Ele desconversou, falou que recebia muitos cds por mês e que não tinha tempo de escutar quase nada. Estávamos em agosto de 2004, quando o Pato Fu estava na fase de composição e pré-produção de seu mais recente álbum, Toda Cura Para Todo Mal. Nós também já tínhamos começado a ensaiar para nosso terceiro demo, o ainda inédito Guiné-Bissau. Uma das primeiras músicas arranjadas e garantidas no repertório desse cd era um tema instrumental chamado "Amendoim Blues".

Passam-se os meses, vira-se o ano. O Pato Fu lança seu nonagésimo álbum e eu, farto das canções fofinhas e bonitinhas que eles vinham fazendo nos últimos anos, nem dei bola. Até que, semana passada, foi com uns amigos no Shopping Oiapoque e comprei uma leva de discos que não compraria nunca por trinta reais, mas que por dois e cinqüenta centavos são uma boa, tipo o Rappa acústico e o novo dos Paralamas. Toda Cura Para Todo Mal veio no pacote, e não é que achei o cd até legal? Destaque para a telejornalística "Boa Noite Brasil", a silábica "Uh Uh Uh La La La Ié Ié" e a losermânica "No Aeroporto".

Mas aí estava eu olhando o nome das músicas do disco quando me deparei com uma chamada "Amendoim". "Coincidência", pensei, lembrando do nosso "Amendoim Blues" instrumental. Logo depois, corri os olhos pelo resto do repertório e topei com uma "!" (que, aliás, é instrumental).

Como se não bastasse, eles agora têm um tecladista chamado Lulu Camargo - e nós, recentemente, decidimos colocar uma tecladista pra fazer umas participações especiais. A escolhida foi minha prima... Luísa Camargo. (Ninguém precisa saber que o tal Lulu Camargo já toca com eles faz uns três anos e que a Luísa nem ensaiou ainda com a gente, o que torna o "plágio" nosso, não deles.)

Lembro duma frase de um dos caras do Oasis. Acusaram ele de plagiar uma pequena banda inglesa numa de suas canções, no que ele respondeu: "Esses caras são malucos. Quando decido plagiar alguém, vou logo no David Bowie ou no Paul McCartney". Pelo visto, nem todos seguem a mesma linha de pensamento.

14/11/2005

Eu prometo.



Esse blog funciona assim: se eu não fizer promessa e declarar, publicamente, que vou escrever todo santo dia, acabo ficando no banzo. A última promessa durou mais tempo do que eu, e muita gente, esperava. Foi interrompida num dia que o Blogger me sacaneou e resolveu fazer greve. Nos dias seguintes tentei voltar à média de um post diário, mas aí fui passar o feriado de outubro num lugar onde a água potável tinha gosto de capim e a única comunicação com o mundo lá fora eram sinais de fumaça, que dirá um laptopzinho com internet. A promessa danou-se aí, mas na contagem final vi que consegui escrever durante 41 dias seguidos, recorde absoluto, se contarmos com o fato de que, antes, o máximo que eu tinha conseguido era uns dois ou três posts direto. Parto, portanto, para uma nova promessa, e declaro aqui nestas páginas virtuais que me comprometo a escrever diariamente até o fim deste presente ano.

Pra não perder o post enchendo o coitado só com divagações bloguísticas, brindo meus caros leitores com um apanhado geral desses meus últimos dias.

>> Ontem passamos o dia na casa do meu avô, e aproveitei pra pegar uns cds emprestado. Top 5 canções do momento:

1. Aretha Franklin - Mockingbird (mais conhecida como a música que Débi & Lóide cantam no dogtruck pra irritar o gordão)
2. Sammy Davis Jr - Mr. Bojangles
3. Nat King Cole - Smile
4. Louis Armstrong - What a Wonderful World
5. Ray Charles - Georgia On My Mind

(Até agora só escutei as que conhecia. Assim que escutar os discos na íntegra faço um top 5 decente).

>> Hoje comi arroz, estrogonofe e salada no almoço. A janta caminha para um repeteco.

>> Último quadrinho lido: Batman, Asilo Arkham. Crianças, mantenham distância. Coringa passando a mão na bunda do Batman é só o começo.

>> Último filme assistido: M.A.S.H. É uma comédia dos anos 70 considerada, por muitos, como uma das melhores de todos os tempos. Não me incluo entre esses muitos, embora tenha gostado bastante do filme. Diz a Super Interessante que foi o primeiro filme roliudiano a dizer "phokkc", mas acho que estou tão acostumado que nem percebi qual foi a cena. Também demorei mais de uma hora para perceber que um dos personagens principais é o pai da Monica e do Ross em Friends. E só reconheci pela voz.

>> Último livro lido: nem lembro mais. A lista dos interrompidos pela metade, contudo, é longa. Inclui o novo do García Márquez (Memória de Minhas Putas Tristes), o terceiro Guia do Mochileiro, um livrim de bolso da Coleção Primeiros Passos chamado O Que É História e uma revistinha do Celton que comprei outro dia no sinal. Até minhas leituras estão inacabadas, vejam só. Anteontem resolvi retomar o García Márquez. Vamos ver até que página vou dessa vez.

Até amanhã, com mais notícias relevantes.

11/11/2005

Embate

vs.

Há uma escolha terrível a ser feita, que exige ponderações mil. Foi desencadeada por uma notícia que acabei de ler, e que aqui reproduzo em sua íntegra.

"U2 só para paulistas"

A banda U2 só vai fazer shows em São Paulo em 2006. Alexandre Accioly e Luís Oscar Niemeyer tentaram levar um dos shows para Minas. Mas a megaestrutura da banda impediu. O grupo toca nos dias 21 e 22 de fevereiro, no Morumbi. Notinha do O Globo.


Se houve um trecho que me entristeceu mais, foi "(...)tentaram levar um dos shows para Minas. Mas a megaestrutura da banda impediu". Tá certo, Beagá é uma roçona que só vendo, mas puxa vida, nem que o show fosse na Obra! Engraçado que hoje, na aula, a gente tava conversando justamente sobre isso, essa absurda megalomania iutchuana de querer fazer o maior espetáculo da Terra (sem falar no Bono, que claramente está tentando se tornar Deus).

Lamentações à parte, encontramo-nos na seguinte situação: há um show dos Rolling Stones no Rio de Janeiro, no dia 18 de fevereiro de 2006. Três dias depois, há um show do U2 em São Paulo. (O Oasis toca em março, mas já estão descartados. Gosto muito dos primeiros discos, mas os irmãos Gallagher são chatos pra caramba e, de 2000 pra cá, não lançaram uma coisa boa, então...)

Comparecer aos dois eventos é algo que foge ao meu alcance, ainda mais depois de um Pearl Jamzinho agora em dezembro. Chegamos, portanto, ao dificílimo impasse de escolher entre Rolling Stones e U2. Aí nos deparamos com uma sucessão de argumentos, contra-argumentos, contra-contra-argumentos e afins.

A razão manda escolher os Rolling Stones. Afinal, são as maiores lendas vivas do rock´n´roll, e os caras estão tão velhinhos, coitados, que até desfibrilador têm no backstage. A certeza é praticamente absoluta de que será a última vez que virão ao Brasil.

Mas é a mesma razão que insiste em falar, ali no pé do ouvido, que show de graça em Copacabana é uma roubada sem tamanho que vai acabar em morte. Isso, porém, se não concretizar-se o boato de que haverá também um show pago, o que dá um certo peso pro lado dos Stones.

No entanto, show do U2 não é coisa assim pra se descartar logo de cara. Quem já viu os caras na tevê ou no devedê sabe, é uma produção impecável, músicas impecáveis, músicos impecáveis. Embora no quesito "banda com mais chance de vir ao Brasil de novo", o U2 esteja na frente, haja visto que Mick e seus asseclas já passaram do prazo de validade.

Mas aí vai que o U2 acaba? Sei lá, Boninho é louco, de repente resolve virar presidente, líder religioso, sei lá, e relega o rock ao segundo plano. Ou então vai que os Stones, daqui a uns dez anos, resolve finalmente fazer sua turnê de despedida (eles são como o Kiss, já fizeram trezentas turnês de despedida) e pisa de novo em terras brasileñas?

Há ainda outros quesitos importantes a serem analisados. Um dos principais, e no qual a disputa está das mais acirradas, é "show onde vou me divertir mais". Será necessário um detalhado estudo de setlists para responder a essa questão com maior profundidade teórica. Outro quesito primordial é "show mais legal de se contar pros netos". Nesse tenho a suspeita de que os Rolling Stones ganham, mas nunca se sabe quem terá maior status de lenda daqui a cinqüenta anos.

Como diria o Coringa, "e agora o quê que eu faço?"

1. Assisto gravações ao vivo dos Stones e do U2 diversas vezes, pra ter uma base de conhecimento sólida antes da decisão.
2. Escolho no papelzinho.
3. Vendo a alma ao diabo em troca de ingressos, passagem de ida e volta e hospedagem (alimentação também seria legal) e assisto a ambos os shows.
4. Espero sair o dvd pirata dos shows no Shopping Oi e vejo tudo no conforto do meu lar, comendo pipoca e rindo da galera se matando lá embaixo.
4. Espero o Paul McCartney aparecer na jogada e mando U2 e Stones às favas.
5. Vou pro Pará assistir a banda Calypso, que em termos de superprodução é melhor que as duas juntas.

08/11/2005

Fun, fun, fun



Sim, amigos. Rádio Biselho de volta ao ar, após um hiato maior que o previsto. No programa de hoje, uma homenagem aos próximos shows que pretendo assistir, nem que pra isso venda um rim ou dois. Completam a programação bandas cujos shows assisti esse ano, mais um punhado de canções avulsas que fiquei com vontade de pôr, pra completar o número habitual de 15 músicas, que aliás nem sei de onde tirei.

01) U2 - Angel of Harlem
Desembarcam no Brésil em fevereiro, três dias depois dos Rolling Stones. Acho que vou morar no Rio por uns dias...

02) Rolling Stones - Susie Q
Falando neles, vai aí uma das antigaças. Essa toca em Apocalypse Now, que aliás vi recentemente, na cena do strip das coelhinhas da Playboy no meio dum acampamento no Vietnã.

03) Pearl Jam - Yellow Ledbetter
Ingresso comprado, meio de transporte ainda em aberto. Quem tem um jatinho pra emprestar pra gente dia 4 de dezembro?

04) Los Hermanos - Quem Sabe (ao vivo)
Visto ao vivo em outubro, resenha aqui. Ajudei a engrossar o côro de "toca Quem Sabe!", e atenderam aos anseios dos fãs no bis. Essa aqui é uma versão dos caras tocando no Bem Brasil, apresentado pelo Wandi, o Grande, integrante do saudoso Premeditando o Breque.

05) Tangos & Tragédias - Meu Erro
Visto ao vivo em setembro, resenha aqui. Maravilhosa versão da canção paralamesca.

06) Paralamas do Sucesso - O Caminho Pisado
Falando neles, hoje fui no Shopping Oiapoque e comprei o último disco do trio. Parece bacana. "O Caminho Pisado" não é do último disco, tem uns dez anos e integra o Nove Luas, um dos melhores álbuns do rock nacional e um dos mais injustiçados também, quase nunca entra nas listas. Fico indignado.

07) Skank - In(dig)Nação
Falando em indignação... Um resgate à época em que o Skank era a banda mais criativa do Brasil: gravou 3 discos usando apenas dois acordes. Melhor que hoje em dia, regravando "Vamos Fugir" ou imitando o Clube da Esquina.

08) Supergrass - Alright
Quem lembrar de que comercial era essa música ganha um brinde.

09) Beach Boys - Fun, Fun, Fun
Depois de um começo descaradamente plagiado, copiado, chupado e roubado de "Johnny B. Goode", vem uma das músicas mais divertidas dos Beach Boys (o próprio nome já diz). Conheci ela quando fui na Disney. Tinha uma banda de metais que vagava pelo Magic Kingdom, tocando e fazendo palhaçadas, que tocou essa aí num desfile de personagens da Disney. Demorei exatos 7 anos pra descobrir que melodia era aquela, e por acaso, ainda por cima.

10) Beatles - Run For Your Life
Música-tema do meu feriado de 12 de outubro. Literalmente.

11) Kings of Leon - Joe´s Head
Usei essa como trilha sonora para um videozinho reunindo nossos melhores momentos passados entre os cangurus, em julho.

12) Radiohead - Just
Saudade do tempo em que o Radiohead era uma banda e não um amontoado de experimentações eletrônicas.

13) Cat Stevens - Tuesday´s Dead
Descubram de onde o Marcelo D2 roubou a linha do baixo de "Qual É".

14) Silverchair - Across The Night
Visto ao vivo em 2003, no Mineirinho. Infelizmente só fui conhecer o Diorama, disco que eles tavam lançando na época, um ano depois do show. "Across The Night" é a música que abre o dito cujo, e é fantástica.

15) Tuatha de Dannan - Bella Natura
O comecinho estilo "Lua de Cristal" engana. Bota aí o Tuatha na lista das bandas para um Pop Rock Brasil ideal. E olha que eles são de Varginha [coloque aqui sua piada de etê favorita].

31/10/2005

Lunguismo



Minha nova Bíblia chama-se O Melhor do Mau Humor. Não que eu seja um cara ranzinza, embora essa possa ser a impressão causada em qualquer um que veja os livros em cima do meu criado: além do Melhor do Mau-Humor, está lá ambém o Dicionário Brasileiro de Insultos. Esse é um compêndio bem organizado de xingamentos, com a etimologia de muitos, e aplicações práticas de outros tantos. Por exemplo:

filho da puta - É o insulto mais usual da língua portuguesa, presente no cotidiano do brasileiro. É um clássico e serve para quase todas as situações. Usa-se para um presidente da República do qual se discorda, até para o engraxate que suja a meia do cliente.

Ou:

filho da mãe - As pessoas muito finas que jamais chamariam alguém de filho da puta, num momento de fúria, contidamente, usariam o "da mãe", ainda que, de maneira implícita, estivesse presente o "da puta". Mãe, no caso, é eufemismo de puta.

Sem falar nos insultos mais obscuros e, talvez por isso mesmo, mais fortes. Como você se sentiria se alguém te chamasse de punga? Ruvinhoso? Engrupidor?

O Melhor do Mau-Humor é uma "antologia de citações venenosas" organizada pelo Ruy Castro, repleto de frases de Woody Allen, Millôr Fernandes, Mae West, Oscar Wilde, Frank Zappa, todas destinadas a sacanear algo ou alguém. Um manual para a vida muito melhor que os dicionários de citações bonitinhas e edificantes encontrados nas seções de auto-ajuda das livrarias. A humanidade não é bonitinha nem edificante.

Um top 10 selecionado assim, meio na pressa:

"Tudo que é fácil de ler é difícil de escrever – e vice-versa."
Telmo Martino

"História: um conjunto de mentiras sobre as quais se chegou a um acordo." - Napoleão Bonaparte

"A primeira metade de nossas vidas é arruinada por nossos pais; a segunda, por nossos filhos." - Clarence Darrow

"A coerência é o último refúgio dos sem imaginação." - Oscar Wilde

"São as mulheres que nos inspiram para as grandes coisas que elas próprias nos impedem de realizar." - Alexandre Dumas.

"Imoralidade é a moralidade daqueles que estão se divertindo mais do que nós." - H. L. Mencken

"Posso perdoar a Alfred Nobel a invenção da dinamite, mas só um demônio teria concebido o prêmio Nobel." - George Bernard Shaw

"O que os presidentes não fazem com suas esposas, acabam fazendo com o país." - Mel Brooks

"Uma celebridade é uma pessoa que trabalha duro a vida inteira para se tornar conhecida e depois passa a usar óculos escuros para não ser reconhecida." - Fred Allen

"Depois de ter tocado com outros músicos, já não acho que os Beatles fossem grande coisa." - George Harrison

29/10/2005

Fim do ano vem aí, olê olê olá



Resolução de ano-novo todo mundo faz. Mas um sexto de 2005 ainda tá aí, por isso resolvi listar as minhas resoluções para esse fim-de-ano. Até 31 de dezembro tá valendo, depois disso eu deixo me xingarem de mestre dos projetos inacabados.

1. Fazer pelo menos mais um show em 2005.

A culpada é a numerologia. Desde que mudamos de ABWNN para ABUNN, no começo do ano, uma maré de azar afetou a banda: perdemos nosso local de ensaios no Serra dos Manacás; a última vez que tocamos ao vivo foi em maio, no Matriz, pelas eliminatórias do Camping & Rock; perdemos as eliminatórias; gravamos o terceiro cd, mas ficou do jeito que a gente queria; os vocais do cd deram pau e até hoje não regravamos; nem nome pro cd conseguimos arranjar; e pra completar, desde julho só ensaiamos uma vez. Estamos quase chutando o balde e mudando o nome da banda de vez e iniciando uma nova fase, que incluirá até participação de uma tecladista. Mas pelo menos em dezembro a gente podia fazer mais um show, né... Quem sabe um especial de Natal?

2. Show do Pearl Jam (RJ, 04/12)

Nem estava muito nos meus planos, mas vários amigos meus tão animando e agora estou considerando seríssimamente. A idéia é alugar uma van, sair daqui no domingo de manhã, chegar lá no domingo à tarde, assistir ao show no domingo à noite e voltar pra casa no domingo de madrugada. É o Pearl Jam, pô, e além do mais vale como uma preparação para os Pedras Rolantes em fevereiro.

3. Terminar de assistir "Ed Wood".

Aluguei o DVD, vi até a metade e estava gostando muito mas o disquim resolveu dar pau no auge da história. Pelo menos ganhei uma diária adicional. Mas é questão de honra que, ainda em 2005, eu ache uma locadora que me alugue o filme inteiro. (O mesmo vale para "Moulin Rouge", que assisti bem aos pedaços na Austrália, dormi no meio, e musical inglês sem legenda é foda.)

4. Gravar um CD com a trilha sonora do ano.

Não falo das melhores canções lançadas em 2005, mas daquelas que, exclusivamente pra mim, mais representaram o ano. Já estão garantidas as presenças do Angra ("Wuthering Heights"), Damien Rice ("The Blowers Daughter"), Dorival Caymmi ("É Doce Morrer No Mar") e a abertura do Guia do Mochileiro das Galáxias, "So Long And Thanks For All The Fish".

O cd eu gravarei com certeza; o filme é só encontrar uma locadora; já os dois shows citados no início não dependem só de mim. Logo os mais legais.

Pra 2005 chega. Ano que vem preparo uma lista bem maior só pra constatar, 12 meses depois, que não cumpri nem um terço.

Quem

Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

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